Manifestantes queimam foto de Mubarak

GALERIA: fotos do ato em SP
Video do ato em São Paulo

A Rua 25 de Março, conhecida rua de comércio popular no centro de São Paulo, foi invadida por outro tipo de atividade no final da tarde desta sexta-feira, dia 4 de fevereiro. Eram cerca de 200 pessoas, brasileiros e árabes, gritavam “Fora agora Mubarak”. A defesa da autodeterminação do povo egípcio e dos povos árabes em geral foi destaque na manifestação.

Entidades sindicais, movimentos sociais e organizações árabes e islâmicas convocaram o ato para prestar solidariedade ao povo egípcio, apoiar a revolução árabe no país e rechaçar a repressão do governo Mubarak. Uma foto do ditador foi queimada. Entre os organizadores, estava, principalmente, a Frente de Defesa do Povo Palestino. Sindicatos e a CSP-Conlutas também participaram.

O PSTU também esteve presente no ato, como apoiador de longa data do povo árabe. Atnágoras Lopes, dirigente do partido, defendeu que o Brasil tem de cortar relações diplomáticas com a ditadura de Hosni Mubarak.

O companheiro do PSTU que está no Cairo, Luiz Gustavo Porfírio, enviou uma carta que foi lida por Soraya Misleh, da Frente de Defesa do Povo Palestino, e foi muito aplaudida. “Quando Mubarak cair, outro ciclo se abre, no qual os árabes entrarão como senhores de si e de sua terra, contra todos os que a violaram e usurparam”, dizia um trecho do texto [leia a íntegra no fim da matéria e veja o video].

Soraya também lembrou que o Egito é um dos parceiros de Israel e corresponsável pelo bloqueio a Gaza. Sua fala foi seguida por um uníssono “Fora Abbas!”, referência a Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina. Em árabe, os manifestantes diziam: “Mubarak medíocre, o sangue egípcio nao é barato! Vá embora!”

O ato foi finalizado por Mohamed Al Kadri, presidente da Associação Islâmica de São Paulo. Ele destacou que o ato significou muito para a questão palestina também e para todo o mundo árabe. “Queremos o Egito livre do imperialismo e liberdade para todos os países do mundo árabe”, disse.

Na próxima segunda-feira, 7, haverá uma reunião para discutir os próximos atos.

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    Carta do enviado do PSTU ao Egito:

    Mensagem aos brasileiros
    Hoje, o Egito está fazendo história em muitos sentidos. Quando Mubarak cair, não será apenas mais uma ditadura que acaba. Mas sim um ciclo que irá se fechar. Um ciclo de ditaduras feitas sob derrotas para Israel e acordos com o imperialismo. Quando Mubarak cair, outro ciclo se abre, no qual os árabes entrarão como senhores de si e de sua terra, contra todos os que a violaram e usurparam.

    É esse o sentimento que se espalha rapidamente no sangue de quem pisa na praça Tahrir. Estive lá hoje mais cedo na marcha chamada de Dia da Partida. Por todos os lados, uma alegria contagiante. Uma vontade expressa nos rostos de tantos manifestantes, rostos de feições simples e com pouca ou nenhuma experiência em política, mas com a determinação de ganhar, de ir até o fim. De fazer o que for necessário para retomar o que é seu.

    Milhões de egípcios e egípcias dormem hoje orgulhosos sabendo que estão reescrevendo sua história. E a cada manifestação de solidariedade como a que vocês estão dando aí hoje no Centro de São Paulo, eles recebem a confirmação de que sua esperança não é um sonho, mas uma realidade, o sonho que não se sonha só.

    Saudações desde o Cairo,
    Luiz Gustavo Porfirio, Correspondente do jornal Opinião Socialista

    Leitura da carta no ato (trecho)