Cenas de caos provocadas pela chuva novamente se repetem em São Paulo. As chuvas da madrugada do dia 21 vitimaram pelo menos nove pessoas e deixaram 112 áreas alagadas. Mais uma vez, a população pobre é a mais atingida pela tragédia.

Na Cidade Dutra, zona sul da capital, a enchente provocou o refluxo do sistema de esgoto que invadiu pelo menos 500 casas. Com água pelos joelhos, os moradores reclamavam que a urbanização de um córrego da região passou a provocar os alagamentos. Foi o terceiro a alagamento do ano na mesma região.

“Encheu de cocô aqui dentro”, relatou ao jornal Folha de S.Paulo, Lucimeire Ferreira Luz, moradora da região, abrindo o armário onde guarda as roupinhas da filha. Para piorar, o abastecimento de água foi cortado por horas, impossibilitando que os moradores possam limpar suas casas e pertences dos dejetos da água imunda.

O descaso das autoridades públicas provocou a revolta dos moradores. Durante a noite e a madrugada, manifestantes tomaram a Avenida Senador Teotônio Vilela. A PM reagiu com a tropa de choque e despejou balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os moradores. Mas a população não recuou e manteve o enfrentamento com a polícia com disparos de fogos de artifício. Foram mais de cinco horas de confronto na Zona Sul da capital. À tarde, moradores atearam fogo em um ônibus na área fica no Grajaú, na mesma região.

Diante do caos, a impopularidade de Gilberto Kassab (DEM) só vem aumentando. Recentemente o prefeito foi vaiado ao visitar o Grajaú, onde três pessoas foram soterradas. A situação de Kassab e do atual governador José Serra (PSDB) é extremamente delicada. Em vez de resolverem a situação – que se agrava ano após ano -governo e prefeitura compram carros anfíbios para resgatar vítimas de enchentes. Seria cômico se não fosse trágico, mas os governos PSDB – DEM passaram a combater as enchentes como se fosse caso de polícia.