Metalúrgicos trabalhavam na empresa Torque, no interior de São Paulo, que fornece peças para a VolkswagenNeste domingo, 10 de novembro, 480 funcionários da empresa receberam cartas em suas casas, comunicando o desligamento da Torque. Os demais trabalhadores – eram 1.280 no total – não foram demitidos, mas permanecerão em casa por três semanas, em licença remunerada. Tudo indica que, após esse período, a empresa inicie férias coletivas ou até mesmo uma nova rodada de demissões

A produção está completamente parada. Na segunda, os trabalhadores que foram até a sede da empresa encontraram seguranças armados, contratados para conter qualquer reação. Questionada sobre o porquê de ter comunicado as demissões por carta, o representante da empresa afirmou que a quantidade de demitidos era grande e que alguns aceitam de forma mais natural, enquanto outros podem se tornar “mais agressivos”.

As demissões foram um duro golpe para o pequeno município paulista, de menos de 200 mil habitantes, a 180 km da capital. Apesar de a empresa já mostrar sinais de que poderia demitir e ameaçar com o fechamento das operações na cidade, as cartas pegaram os trabalhadores de surpresa.

Como fornecedora da Volkswagen, as operações da Torque dependem exclusivamente das vendas da montadora alemã e de seus pedidos. A empresa renovou o contrato com a Volks, que terminaria no ano que vem. “No entanto, a empresa teve que se ajustar a algumas modificações operacionais e contratuais”, afirmou Gilberto Teixeira, representante da empresa. O novo contrato deixou de incluir o fornecimento dos conjuntos soldados pelo setor de Armação. A Volks preferiu que estas peças venham de outros fornecedores, a um custo menor. Desta forma, devido a “algumas modificações operacionais”, todos os 480 metalúrgicos do setor de Armação foram dispensados.

As demissões e a licença aos trabalhadores nada mais são do que um reflexo da crise da multinacional Volkswagen. E da que vive o setor automotivo em todo o mundo. As três semanas de férias dadas aos demais empregados da Torque mostram um recuo na produção, causada pela queda nas vendas e a menor oferta de crédito. Mesmo as ajudas que vem sendo dadas por governos da Europa e dos Estados Unidos e aqui, por Lula e Serra, não têm impedido que este setor demita e dê férias coletivas.

É preciso parar de ajudar aos empresários e às multinacionais, como a Volkswagen. E fazer com que os ricos paguem pela crise. Chega de demissões. O governo Lula deveria tomar empresas como a Torque e colocá-las sob controle dos trabalhadores.

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