No dia 4 de agosto, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, declarou no site da entidade que o “Plano Brasil Maior”, anunciado pela presidente Dilma no início da semana, “foi um golaço”. Infelizmente, foi um golaço, sim, mas para o time dos patrões, inimigo dos trabalhadores.

Neste plano, o governo vai dar, entre isenções fiscais e incentivos do BNDES, cerca de R$ 25 bilhões para as indústrias, além da redução do IPI para as montadoras. Em primeiro lugar, essa medida favorece somente gigantes multinacionais que lucram, aqui, pagando salários baixos, e enviam todo seu lucro para suas matrizes, como é o caso das montadoras de veículos. A Volks, por exemplo, triplicou seus lucros em 2011. Este projeto apoiado pelo sindicato do ABC, não impõe nenhuma contrapartida em beneficio dos trabalhadores, como estabilidade de emprego e fim de contratações precarizadas.

Como ponto alto do projeto, Sérgio Nobre destaca a participação do sindicato do ABC nas Comissões de Competitividade Setoriais. É um tipo de pacto social entre governos, empresários e trabalhadores cujo objetivo é subordinar o movimento sindical ao governo e à patronal. Foram em câmaras setoriais com esta que os trabalhadores do ABC viram milhares de demissões, flexibilizações de leis trabalhistas, acordos que precarizam a contratação de mão de obra e diversos outros ataques.

O sindicato deveria cumprir outro papel, exigindo do governo que as empresas beneficiadas não demitissem trabalhadores, aumentassem salários, acabassem com a contratação temporária, mas nem isso fez.

Com este projeto as montadoras e auto-peças irão lucrar ainda mais o que se pretende é atrelar ainda mais o movimento sindical ao governo, impedindo que os trabalhadores se mobilizem.

Desindustrialização?
Além disso, os dirigentes sindicais do ABC estão realizando uma campanha em defesa de uma suposta “indústria nacional” no setor automobilístico. A Volkswagen do Brasil, a Ford do Brasil, a General Motors do Brasil e a FIAT do Brasil seriam, supostamente, parte dessa “indústria nacional”. As montadoras – ditas empresas “nacionais” – produzem um dos carros mais caros do mundo, o que garante margens de lucros muito superiores, comparadas aos demais países. Isto à custa de uma enorme superexploração dos trabalhadores. Montadoras chinesas, inclusive, já iniciaram a construção de fábricas no Brasil, como Cherry e Lifan. Em suma, os salários baixos, a mão de obra qualificada e os recursos públicos garantem os lucros das montadoras.
Mas a crise econômica intensificou a necessidade de aumentar a extração de mais-valia dos trabalhadores. E, aí, entram os líderes sindicais pelegos. Defendem acordos coletivos que se chocam inclusive com legislação trabalhista brasileira, como fez recentemente o Sr. Sergio Nobre, por meio de seu projeto se CSE (Comitê Sindical de Base). Tal projeto pode permitir que o sindicato faça acordos “especiais”, sem ficar presos à legislação. Ou seja, flexibiliza nossos direitos. A pergunta é: em que time joga o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC?

Post author Carla Nascimento, de São Bernardo do Campo (SP)
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