O Fórum Social Mundial cresceu, apareceu, mas, mais uma vez, não ofereceu uma contraposição real ao neoliberalismo. Cerca de 100 mil pessoas se reuniram em Porto Alegre na terceira edição do evento, diante de um mundo em crise, que se prepara para mais uma guerra e que, seguramente, enfrentará outras revoluções.

A polarização crescente da situação mundial exige uma resposta clara, uma alternativa anticapitalista e revolucionária. Mas as conferências e a maior parte dos 700 seminários e oficinas se limitaram a declarações vazias sobre a paz e a humanização do capitalismo.

Neste III Fórum foram discutidas receitas requentadas dos anteriores, como a do desenvolvimento econômico capitalista “voltado para o mercado interno” e para as “necessidades das maiorias”.

Estas propostas demonstram-se ainda mais impotentes para enfrentar um mundo dominado pelas multinacionais, que não irão definir investimentos com base em objetivos sociais, mas pela busca incessante do aumento da sua taxa de lucro.
Por outro lado, as conferências, painéis e oficinas em defesa da paz, não assumiram um claro enfrentamento com o senhor da guerra, Bush, e seus aliados. A defesa da paz no Oriente Médio, por exemplo, tentou inclusive conciliar ex-membros do governo israelense e representantes da comunidade palestina.

Para o PSTU e a Liga Internacional dos Trabalhadores, ou se enfrenta o imperialismo ou se rende incondicionalmente a ele, como pode verificar-se na evolução dos que defendem as posições da maioria reformista do Fórum quando chegam ao poder. Basta observar o exemplo de Lula e do PT. Tampouco haverá paz no Oriente Médio e no mundo sem que se derrote o imperialismo e seus aliados, como o Estado de Israel.
Cresce o Fórum das mobilizações, seminários e oficinas anticapitalistas

Mas não houve somente o Fórum oficial. Na verdade, ocorreram dois fóruns em Porto Alegre, e os dois cresceram. O Fórum oficial cresceu proporcionalmente à sua impotência para enfrentar o imperialismo e o capitalismo. Sequer propôs uma alternativa reformista séria ao neoliberalismo. Apontou, no máximo, migalhas para compensar os seus efeitos sociais nefastos.

O outro Fórum, o das mobilizações, seminários e oficinas anticapitalistas também cresceu. Simbolizou em Porto Alegre as lutas dos tra-balhadores e da juventude no mundo contra a guerra e os governos burgueses de direita e “esquerda” que aplicam as mesmas receitas do FMI, do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio.
A conferência de Noam Chomsky, intelectual norte-americano, a mais concorrida, foi de um claro enfrentamento com o governo Bush. Nas marchas ocorridas nos dias 23 e 27, com dezenas de milhares de pessoas, ecoaram palavras-de-ordem contra a guerra imperialista e em apoio à Intifada palestina.

No dia 27, foi lançado o abaixo-assinado em defesa da realização de um plebiscito oficial contra a Alca no Brasil. Não por acaso, uma das palavras-de-ordem mais ouvidas na marcha foi “Ô Lula, eu quero ver, o plebiscito contra a Alca acontecer”.
A revista Marxismo Vivo, o PSTU e a Liga Internacional dos Trabalhadores promoveram o ciclo de debates “Um Mundo Socialista é Possível”. Seus seminários reuniram em média mil pessoas e debateram a defesa da Intifada palestina, a luta contra a guerra, as tarefas da revolução argentina e os governos de Frente Popular, como o de Lula. Suas oficinas discutiram, entre outros temas, a discriminação racial, a opressão às mulheres e homossexuais, juventude e a luta antiglobalização.
Todas estas atividades mostraram que um “fórum socialista”, paralelo, foi efetivado na prática, às custas do esforço militante e dedicação de centenas de companheiros que não se dobraram ao Fórum oficial e fizeram ecoar pelas ruas de Porto Alegre, nas salas da PUC e armazéns do Cais do Porto a defesa do marxismo revolucionário, da independência de classe dos trabalhadores e da ação direta das massas

Post author Eduardo Almeida, da Direção Nacional do PSTU
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