Quatro servidores do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) estão há um mês em greve de fome em Natal, acampados na entrada do prédio. Desde o dia 20 de julho, os trabalhadores não se alimentam em protesto contra a retirada de uma gratificação de 84%, referente a perdas salariais entre os governos Sarney e Collor. O benefício foi cortado em fevereiro pelo governo Lula através de um ato administrativo, desobedecendo a uma decisão judicial que há 15 anos garantia o pagamento desse direito aos trabalhadores do INSS do Rio Grande do Norte.

Quando a greve de fome começou, eram sete os grevistas. Três servidores precisaram interromper o jejum por apresentarem um quadro de profunda debilidade. Dos quatro que mantêm o protesto, dois são aposentados por invalidez. Plínio Ramalho, 58, Manoel Moura, 49, Erinaldo Nunes, 46, e João Adenilson, 54, estão fracos e sentem tonturas, câimbras e cansaço ao falar. Há um mês, os trabalhadores se alimentam apenas de água, água de coco e sais minerais.

Foto: João Paulo da Silva

Para se ter uma ideia da gravidade do corte desse direito, muitos servidores estão recebendo seus contracheques negativos e não têm nem mesmo o dinheiro para pagar o transporte para ir ao trabalho. Outros já tiveram água e luz de suas casas cortadas por falta de pagamento. “O governo Lula retirou de forma ilegal e agora está descontando dos salários o que foi pago de outubro de 2008 até março desse ano. É uma média de 15 mil reais por servidor”, afirma Erinaldo Nunes.

Vários sindicatos do estado estão oferecendo ajuda às famílias dos grevistas. Estima-se que cerca 150 cestas básicas já foram doadas. Para Manoel Moura, o governo Lula está pondo em risco a vida dos trabalhadores e de seus familiares. “O estado brasileiro, sob o governo Lula, está torturando 1.500 famílias no Rio Grande do Norte e caminha para se tornar um governo assassino”, denuncia Moura.

Os quatro servidores já assinaram um testamento expressando a vontade, caso um deles ou todos venham a falecer, de serem enterrados na porta do INSS. Perguntado sobre a perspectiva da greve, Erinaldo Nunes respondeu: “A perspectiva é permanecer na greve de fome. Ou o governo Lula devolve o nosso direito ou morreremos os quatro”.

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