Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Belo Horizonte assistiu a uma das maiores manifestações dos últimos anos. O número de participantes chegou a cerca de 1.000, e 54 entidades feministas e sindicais, entre elas o Movimento Mulheres em Luta, a Conlutas e a Via Campesina, construíram uma grande marcha em homenagem aos 100 anos desta data de luta das trabalhadoras de todo o mundo.

O Movimento Mulheres em Luta, a Conlutas e suas entidades participaram de todo o processo de construção, sempre fazendo o chamado a um ato classista e independente dos governos e patrões. O caráter classista do ato, em BH, foi, portanto, uma vitória das mulheres da Conlutas e dos setores combativos que integram o movimento social da cidade. A ampliação do número de creches e da licença-maternidade de seis meses, obrigatória e sem isenção fiscal, foram alguns dos eixos principais incorporados como bandeira da marcha unificada.

A passeata, que em um momento atingiu quase um quilômetro de extensão, partiu da Praça da Assembléia, onde estavam acampadas cerca de 400 mulheres do MST e Via Campesina. As manifestantes passaram por quatro pontos estratégicos de denúncia: o Ministério Público, o Banco Central, o Carrefour e a Prefeitura.

As mulheres da Conlutas foram destaque no ato. As trabalhadoras do Sindeess, sindicato da saúde privada filiado à Conlutas, fizeram uma procissão com cruzes e um caixão com fotos de mulheres assassinadas – e saíram até no jornal Estado de Minas. Na PBH, cuja administração é a aliança clara entre PT e PSDB, os sindicatos ligados à Conlutas fizeram denúncias e exigências como creches e a aplicação da licença-maternidade de seis meses para as servidoras. Também ali as ocupações urbanas que lutam pela moradia denunciaram a ameaça de despejo de centenas de famílias ocupantes.

Em frente ao Banco Central, a Conlutas organizou a denúncia da política econômica de Lula, que garante os superlucros dos bancos e empresários no País. As duas pré-candidatas do PSTU em Minas, Vanessa Portugal e Mariah Mello, afirmaram que eleger Dilma não é a solução para a vida das trabalhadoras, pois ela representa a continuidade da mesma política neoliberal de Lula.

O grande ato unificado das mulheres de BH e MG terminou na Praça Sete, ao som da Internacional Comunista e resgatando o sentido histórico desta data, sugerida pelas mulheres socialistas em apoio às trabalhadoras de todo o mundo. A CUT, como tem feito nos últimos anos, realizou um ato separado e vergonhosamente de apoio ao governo Lula e à Dilma. A Conlutas e diversos movimentos sociais, ao contrário, mostraram que as trabalhadoras não perderam sua independência e seguem na luta não só pelo fim do machismo, mas contra a exploração e pelo socialismo.