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Redação

Medida articulada por Romero Jucá (PMDB-RR), tem o apoio de PT e PCdoB

Provando que não é bem verdade que os deputados não trabalham, a Câmara aprovou, na noite desta quarta-feira, 4, a toque de caixa o projeto que cria um fundo bilionário para o financiamento das campanhas eleitorais. Quando é de seu interesse, os deputados correm contra o tempo e ficam até tarde votando medidas que, em geral, são contra o povo e em benefício próprio.

O texto do relator Vicente Cândido (PT-SP), que já passou pelo Senado, precisaria ser aprovado pela Câmara até o dia 7 de outubro para valer já na próxima campanha. Falta agora só a assinatura de Temer para que os deputados tenham assegurado R$ 2 bilhões para as eleições de 2018. Esse pelo menos é valor que os deputados favoráveis ao projeto disseram que seria utilizado após a má repercussão da proposta de destinar R$ 3,6 bilhões para isso, mas o texto aprovado não chega a estabelecer um teto.

A medida é tão vergonhosa que os deputados se recusaram a colocar seus nomes na votação. Depois, porém, quando o PHS apresentou um destaque que excluía o fundo do projeto, foram obrigados a votar nominalmente. O fundão bilionário venceu então por 223 votos a 209.

Esses tantos deputados que votaram contra, no entanto, não o fizeram por estar preocupados com os recursos públicos e os privilégios dos políticos. Mas sim porque o projeto estabelece que parte do fundão virá de 30% das emendas de bancada, geralmente usada como moeda de troca do governo em votações importantes, como aconteceu na votação da denúncia contra Temer na Câmara. É o caso de partidos corruptos e governistas como o PR e o PRB.

Romero Jucá e o PT foram os fiadores do fundão

Os principais defensores do fundão bilionário foram o PT, PMDB, DEM e PCdoB. O acordão foi articulado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o próprio PT. “Por que defendemos o financiamento público? Porque sempre fomos contra o financiamento privado“, declarou à imprensa o líder do PT, deputado Carlos Zarattini. Para o petista, a ideia de se financiar através dos próprios filiados e apoiadores, como ocorria com o PT das origens, deve parecer absurda.

É ingenuidade pensar que a aprovação desse fundo vai substituir o financiamento privado nas eleições. Ou alguém acha que vai sumir o caixa 2 das grandes empreiteiras, bancos e empresas? O fundão serve para irrigar as campanhas milionárias dos grandes partidos envolvidos na Lava Jato, que foram os defensores da medida, e abrir mais uma porta para a corrupção.

A aprovação do fundão deve aprofundar mais ainda o desgaste desse Congresso Nacional corrupto dominado pelos bancos e empreiteiras. É um verdadeiro acinte que, enquanto a Saúde e Educação estão à míngua, e o governo diga que o país sofre uma crise fiscal por causa dos aposentados, os deputados se doem R$ 2 bilhões dos cofres públicos para suas campanhas.

Reforma eleitoral antidemocrática
A aprovação do fundão ocorre um dia após o Senado ter votado a cláusula de barreira já para as eleições de 2018. A medida atinge partidos ideológicos como o PSTU, PSOL e PCB, tirando o tempo de TV e fundo partidário desses partidos e concentrando tudo nas grandes legendas corruptas como o PMDB, PT e PSDB.

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