Servidores fazem ato em frente ao hospital
Rafael Duarte

Os servidores estaduais da saúde do Rio Grande do Norte completaram um mês de greve dia 20 de novembro. A paralisação vem crescendo a cada dia com mobilizações dos trabalhadores em Natal e em várias cidades do interior. Mais de 60% da categoria parou.

Até o momento, não há perspectiva de término do movimento porque a governadora Wilma de Faria (PSB) segue intransigente e desrespeitando os servidores e a população. Como todo governo neoliberal, a desculpa usada para não abrir os cofres do Estado é a crise econômica internacional. Os trabalhadores, no entanto, não aceitam esse tipo de enganação.

“Esse jogo do governo era esperado, mas não vamos aceitar. A crise é a culpada agora, mas no ano passado eles não pagavam do mesmo jeito e não tinha essa crise de hoje. Nossa greve está forte e vai se fortalecer ainda mais enquanto eles continuarem intransigentes e não negociarem o que os trabalhadores merecem”, afirmou a diretora de formação política do Sindsaúde-RN, Sônia Godeiro.

Reivindicações
Os servidores cobravam, no início da greve, um reajuste de 23%, pagamento dos atrasados que chegam a R$13 milhões, a mudança de nível, que deve ocorrer de dois em dois anos, e aposentadoria integral. Nas últimas negociações, no entanto, os trabalhadores propuseram o pagamento dos atrasados em cinco parcelas escalonadas e duas mudanças de nível, o que daria um reajuste de 6% para toda categoria sem a necessidade de avaliação de desempenho. Mas nem assim o governo aceitou negociar.

Polícia
O Sindsaúde já organizou dezenas de atos públicos, passeatas e paralisações de uma hora nos três maiores hospitais da capital para denunciar o descaso do governo com a saúde pública do Estado e convocar a sociedade a apoiar o movimento. Na manifestação do dia 19 de novembro, a direção do hospital Walfredo Gurgel, referência em urgência e emergência do RN, chamou a polícia para barrar os manifestantes que queriam mostrar à imprensa o horror dos corredores da unidade, que estavam com mais de 60 leitos.

Apesar da pressão da PM não houve incidentes na porta do hospital, mas a presença da polícia mostrou o quão despreparado é o governo Wilma. “Quem vê os corredores do Walfredo tem a certeza de que esse Estado não tem governo”, afirmou o aposentado Eusébio Figueira, que acompanhava a esposa ao hospital.

Depois que a imprensa deixou a área externa do hospital, a direção do Walfredo ordenou a transferência de vários pacientes para outras unidades a fim de maquiar o problema da superlotação do hospital referência em urgência e emergência do RN.

Desabastecimento provoca crise no governo
A denúncia dos funcionários dos principais hospitais de Natal sobre a falta de remédios e medicamentos básicos nas unidades durante a greve estourou uma grande crise no governo na semana passada. Os secretários estaduais de Planejamento e de Saúde trocaram acusações na imprensa durante uma semana em relação ao repasse de recursos para o abastecimento dos hospitais.

Segundo o Ministério Público, a secretaria de Planejamento estaria retendo R$64 milhões da verba que deveria ser destinada à saúde. Numa atitude autoritária e cínica, o secretário de Planejamento, Vagner Araújo, disse que fiscalizaria os hospitais para saber se o dinheiro repassado estava sendo bem usado nas unidades. Pelos jornais, o titular da pasta de saúde, George Antunes, devolveu a ironia dizendo que se a verba não fosse repassada como deveria entregaria o cargo em 15 dias.

Em resumo: o caos está instalado na saúde pública do RN. O governo Wilma não se entende, e a população e os trabalhadores padecem.