Nos dias 25 e 26 de junho, as trabalhadora e os trabalhadores da confecção feminina de Fortaleza (CE) tiveram uma grande vitória. A chapa 1, ligada à Conlutas, venceu as eleições para a nova diretoria do sindicato contra uma chapa das empresas. Em toda a história do sindicato, foi a primeira vez que os patrões montaram uma chapa organizada diretamente por eles.

Com forte apoio da Conlutas, principalmente do Sindicato dos Operários da Construção Civil, e da militância do PSTU, a chapa das trabalhadoras ganhou a eleição com 67% dos votos válidos. Na maior fábrica do setor, que contava com 11 dos 17 membros da chapa patronal e com a participação ativa do dono da fábrica na campanha da chapa 2, a chapa 1 conquistou 66% dos votos, principalmente por causa da campanha corajosa que os candidatos da chapa na fábrica fizeram.

Apesar de toda a pressão dos gerentes, que organizaram reuniões com os trabalhadores ao fim do expediente e liberaram os membros da chapa 2 do trabalho para que tivessem livre acesso às fábricas, a categoria demonstrou nas urnas que quer um sindicato independente dos patrões.

Em 2006, depois de anos de um sindicalismo da CUT que pregava a união entre trabalhadores e patrões, o sindicato foi tomado para a luta e, em 2007, filiou-se à Conlutas.

A patronal, até então acostumada com negociações fáceis em seus escritórios, não aceitou a ousadia da nova diretoria que deu fim ao banco de horas e começou a lutar pelo auxílio-creche das operárias que são mães. Por conta disso, a patronal perseguiu os ativistas, demitiu dirigentes sindicais e recusou-se a fechar acordos sem o banco de horas.

Não satisfeitos patrocinaram a chapa 2, a chapa “paz e amor”, como eles mesmos se chamaram. A chapa foi formada por gerentes de produção, gerentes de finanças, chefes do setor pessoal e operárias e operários pressionados pelos patrões.

A chapa do sindicato, chamada de “chapa do barulho” por protestar nas fábricas, foi formada por mulheres e homens do chão da fábrica que sofrem com os baixos salários, com as condições precárias de trabalho, com as doenças provocadas por esforços repetitivos e com o assédio moral e sexual nas fábricas.

Dois de seus candidatos foram pressionados para abandonar a chapa. Um dos chefes chegou a levar um candidato ao cartório para que ele abrisse mão de sua candidatura como membro da chapa 1.

Na fábrica Kiev, umas das principais do setor, as mulheres que engravidam sabem que cedo vão para olho da rua. Assim que acaba o período de licença-maternidade, as operárias são demitidas, porque a fábrica não quer pagar auxílio-creche. É um exemplo claro da burguesia interferindo no direito à maternidade.

Numa outra fábrica, as trabalhadoras chegaram a ficar trancadas até atingirem as metas. Não importava se isso acontecesse às 18h, às 19h ou as 20h da noite. Completavam uma jornada de 12 horas por dia e não ganhavam nada por isso.

A combatividade do sindicato contra esta situação de superexploração foi o que levou a chapa 1 à vitória. Contra todos esses ataques, o sindicato, agora renovado com mais lutadores, vai continuar ensurdecendo os patrões, porque como disse Santana, membro da executiva nacional da Conlutas e presidente do sindicato, “a paz que os patrões desejam é o nosso silêncio para que eles possam nos explorara cada vez mais. E isso não vamos permitir”.