Para acabar com a homofobia, só com muita luta! Grupo é espancado em bar da capital catarinense. Movimento reage protestando e criando a Frente GLBTTTsNo final do mês de setembro, um grupo de quatro garotas e dois rapazes foi covardemente espancado no bar Midnight, reduto tradicional da juventude universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na cidade de Florianópolis. A agressão se deu pelo fato de o grupo ser composto majoritariamente por bissexuais, gays e lésbicas. Uma das garotas teve sua cabeça atingida por um taco de sinuca, ocasionando um corte, e levou seis pontos. Outra recebeu chutes na cabeça.

Um dos garotos, imobilizado, teve seu rosto socado por funcionários do estabelecimento. Diante desta realidade de violência e reeditando o movimento de luta que deu origem ao Dia do Orgulho GLBTTT -nascido contra a repressão policial a homossexuais num bar de Nova Iorque, em 28 de junho de 1969 -, diversos ativistas e algumas entidades formaram a Frente GLBTTTs de Luta contra a Homofobia, a Lesbofobia e a Transfobia, para repudiar tal agressão absurda e impulsionar a organização de um ato.

No dia 11 de outubro, quinta-feira, em frente ao bar Midnight (onde ocorreu a agressão), aconteceu o protesto. Os manifestantes exigiram a prisão imediata dos agressores e a aprovação de leis Federais (como o PL122/06), Estaduais e Municipais que criminalizem ações homofóbicas, lesbofóbicas e transfóbicas (contra travestis, transexuais e transgêneros). Este episódio reafirma uma luta que continua mais necessária e atual do que nunca: lutar contra a opressão e a violência que ainda vitimam cotidianamente os homossexuais, como foi possível concluir através do acontecido no bar Midnight.

O ato foi um grande sucesso e em seu ponto alto reuniu mais de 100 ativistas que fecharam a rua Lauro Linhares por alguns minutos no horário de maior movimento. As faixas e as palavras-de-ordem mostravam e ecoavam frases como “Abaixo a opressão! Queremos punição!”. Houve participação de várias entidades e um enorme apoio popular. Muitas pessoas, nos carros, passavam fazendo sinais de aprovação e simpatia. Pedestres pediam panfletos e se juntavam ao ato. Durante a atividade, não ocorreu um único problema de opressão ou agressão homofóbica.

Enquanto ocorria a manifestação, o dono do bar, um dos agressores, não saiu de dentro das instalações do estabelecimento, aparecendo algumas vezes por detrás das janelas, provavelmente assustado e surpreso pela repercussão de suas atitudes nada louváveis. Houve uma diversidade de discursos, fruto da diversidade de entidades e organizações ali presentes. Porém, em termos gerais, afirmou-se a impossibilidade da aceitação de agressões contra gays, lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros, reafirmando a necessidade de mobilização permanente frente às agressões homofóbicas, de modo a impulsionar a denúncia, o repúdio e a exigência de punição frente a estas situações.

Diante da simpatia da população e da vitória do ato, a Frente GLBTTTs pretende seguir com suas atividades e lutas, pois não se vence a homofobia com um único ato ou somente com as Paradas Gays, organizadas geralmente uma vez por ano. Este foi outro ponto importante frisado durante o ato: o prosseguimento da luta impulsionada pela Frente GLBTTTs que se formou como resposta à agressão, com o apontamento de uma reunião de balanço e, possivelmente, um futuro debate sobre a história do movimento GLBTTT no Brasil, que ajudem na continuidade da discussão e mobilização dos participantes. É necessário que a luta contra todas as formas de opressão seja permanente e cotidiana.

Brasil com homofobia
Casos de violência como este atestam que a agressão contra homossexuais tem sido uma constante em nosso país, fruto do descaso dos governos e do sentimento de impunidade em que se refugiam os agressores. Há alguns anos, o governo Lula lançou o projeto Brasil Sem Homofobia, um calhamaço com dezenas de propostas para combater o preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (GLBTTT). Depois de um longo período sem direcionar sequer um centavo para o projeto, o governo Lula destinou finalmente uma irrisória verba, do total do orçamento público para que, de fato, o programa se concretizasse e não virasse letra morta, caindo no vazio.

Parte desta verba foi destinada a programas de assistência e a ONGs voltadas ao atendimento da comunidade GLBTTT. Depois disso, pouca coisa mudou concretamente na vida da maioria desta parcela da população brasileira, que permanece constantemente vitimada pelo preconceito, pela intolerância e pela violência homofóbica. E esta realidade não poderia ser diferente e não nos causa nenhuma surpresa, visto que, afinal, este é o mesmo governo que, há tempos, definiu que sua prioridade não é garantir direitos à população trabalhadora, mas satisfazer a infinita ganância dos banqueiros e do grande empresariado, que nunca lucraram tanto como em seu governo, haja vista a podridão do Congresso e do Senado do “mensalão” que compactuam com este estado de coisas.

Além de não conceder direitos, Lula quer retirar os que ainda restam
Exemplos disso, lamentavelmente, não faltam. O governo quer aprovar, por exemplo, as reformas sindical e trabalhista, para enfraquecer a estrutura sindical e, na seqüência, confiscar direitos conquistados a muito custo, como o 13º salário, as férias e a licença-maternidade. Também está preparando a reforma universitária e o Reuni, para privatizar o ensino superior e conceder ainda mais benefícios para os tubarões do ensino privado, assim como quer aprovar, ainda este ano, a reforma da Previdência que, na prática, acaba com a aposentadoria pública da população.

Enquanto uma mísera verba é destinada para o combate à homofobia, ao machismo e ao racismo, como Lula também prometeu, o mar de lama em que o governo está naufragando não pára de crescer. Depois do caso do “mensalão”, em que inúmeros representantes oficiais do governo estavam envolvidos, foi a vez do presidente do Senado, Renan Calheiros, se envolver em inúmeros escândalos. Sua “absolvição” foi trabalho de seus colegas parlamentares e foi salvo da cassação com a ajuda direta do governo.

É necessário afirmar que este Congresso declaradamente corrupto não tem legitimidade para aprovar a retirada de nossos direitos, e colocar o máximo de pessoas na rua contra estes ataques, como maneira de manter os direitos conquistados e exigir mais verbas para os programas de combate à homofobia, visando especialmente a ação contra a violência. Só conquistaremos um “Brasil Sem Homofobia” através de muita luta. Uma luta que, hoje, também tem que se voltar contra este governo e seus aliados burgueses.

Por isso, devemos tomar as ruas para dizer em alto e bom som que os GLBTTTs têm orgulho de ser quem são e querem ter seus direitos garantidos. Direitos e questões que, acreditamos, só poderão ser conquistados na luta contra este governo, a burguesia e o podre sistema capitalista que eles representam. Por isso exigimos:

  • Mais verbas para os programas de combate à homofobia!
  • Aprovação do PL122/06 que criminaliza a homofobia!
  • Prisão do agressores homofóbicos do bar Midnight!
  • Reconhecimento civil de noss@s parceir@s!
  • Empregos e salários dignos!Tirem as mãos de nossos direitos!
  • Não à reforma da Previdência do governo Lula!