suplemento especial desta semana do Opinião Socialista fala da reconstrução da IV Internacional. O internacionalismo e a construção de uma internacional parecem, porém, muito distantes para a maioria dos ativistas sindicais, estudantis e populares. Mas não deveria ser assim.

Não deveria, em primeiro lugar, pela necessidade. A luta pelo socialismo nasceu ligada a uma visão internacional de mundo. Não por acaso a frase símbolo do Manifesto Comunista é “proletários de mundo uni-vos”.

Nenhum país, por mais rico que seja, consegue organizar sua produção de tal maneira a satisfazer as necessidades de seu povo. É necessário que se organize e planifique a produção a nível internacional para que isso possa ocorrer.
Assim, a sorte de toda revolução vai ser jogada também na arena internacional. Caso ela não se estenda a outros países, tende a se estancar ou mesmo a retroceder, como foi o caso russo.

A globalização reforça ainda mais essa tendência. Houve um salto na internacionalização da economia, com a produção das multinacionais localizada em varias partes do mundo e um controle direto dos mercados.

Isso leva à necessidade de os trabalhadores responderem desde uma perspectiva internacionalista muito concreta. A GM, por exemplo, ameaça fechar a fábrica de São José dos Campos (SP), caso os trabalhadores não aceitem o arrocho de seus salários. Muitas fábricas pressionam os trabalhadores dessa forma, e isso exige uma resposta internacional. Não por acaso, os metalúrgicos da GM de São José estão viajando para Argentina, para os EUA, buscando unidade para lutar com os metalúrgicos de outros países. Se a GM é uma multinacional que busca dividir os trabalhadores, a resposta é a mesma do Manifesto: metalúrgicos da GM de todo o mundo, uni-vos.

Nossos problemas como trabalhadores no Brasil são cada vez mais parecidos com os problemas de nossos irmãos latino-americanos. Já tínhamos o arrocho salarial e o desemprego a nos atingir em todos os países. Agora, temos a inflação desgastando dia após dia nossos salários.

O Encontro Latino Americano dos trabalhadores e Caribe estará reunido em julho, logo após o Congresso da Conlutas. Vai agrupar as forças que se localizam nas lutas dos trabalhadores com uma postura independente dos governos “nacionalistas” e de “frente popular.

Será necessário discutir no Congresso da Conlutas um plano de lutas que unifique as mobilizações e as fortaleça, a partir das campanhas salariais.
E teremos que discutir também no terreno latino americano uma aproximação de um plano de lutas unificado no ELAC. Esta será uma demonstração prática de internacionalismo.

O internacionalismo é fundamental para as lutas concretas, e também no plano mais geral das revoluções. A importância da construção de uma Internacional era muito mais presente para os ativistas do século passado do que na atualidade. E isso tem uma explicação na deseducação promovida pelo stalinismo, assim como na gigantesca propaganda contrária feita pelo imperialismo depois da queda das ditaduras stalinistas do leste.

Hoje isso está retornando com força, exatamente pela queda do aparelho stalinista internacional. Os espaços estão se abrindo para as lutas e para os revolucionários.

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