Além de bajular uma porção de magnatas, Lula foi ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, para tentar reativar as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, reuniram-se à margem do Fórum para discutir os passos da retomada das negociações comerciais.

As negociações da Alca foram interrompidas no ano passado em função das eleições norte-americanas. Naquele momento, o governo Bush hesitava em diminuir os subsídios agrícolas, concedidos a fazendeiros norte-americanos, para melhorar o acesso de produtos agrícolas brasileiros ao mercado dos EUA. Bush temia perder o apoio desse setor na disputa contra os democratas.

De acordo com jornal Financial Times, Amorim declarou estar confiante na retomada de negociações e apontou, como prova da boa vontade do planalto, os acordos comerciais (bilaterais e regionais) entre o Brasil e com todos os países da América do Sul e as iniciativas de celebrar acordos de livre comércio com o Canadá e países caribenhos. “Isso poderia ser uma possível etapa em direção da Alca” , afirmou. Amorim tem razão. A implementação de acordos bilaterais ou regionais é parte da estratégia imperialista de acelerar a Alca. Enquanto Brasil e EUA enfrentavam um impasse momentâneo nas negociações, o governo Bush firmou vários acordos bilaterais de livre comércio com países da América Latina, implementando, dessa forma, a Alca em “migalhas”.

As negociações poderão ser retomadas formalmente quando for nomeado um novo representante comercial dos EUA, já que o mandato de Zoellick termina nos próximos dias. O representante comercial norte-americano será nomeado para o Departamento de Estado dos EUA, onde poderá se tornar vice-secretário. Amorim afirma que isso poderá beneficiar a retomada das negociações, dizendo que “Bob Zoellick continuará tendo certa influência, e ele tem interesse – isso é bem-vindo. Temos um entendimento muito bom”.