A Federação Única dos Petroleiros já não representa os trabalhadores e está do lado do governoO clima era de festa no final do III Congresso Nacional da Frente Nacional de Petroleiros (FNP), realizado de 9 a 12 de julho em São José dos Campos (SP). Os debates foram intensos, e os delegados estavam bastante cansados. Mesmo assim, o tempo não foi suficiente para esgotar todas as discussões.

Mas a felicidade era grande. Por unanimidade, foi deliberada pelos 78 delegados e 34 observadores a criação de uma nova entidade nacional. Os petroleiros decidiram que o congresso de fundação será após a campanha salarial de 2009, tendo como limite o final do ano.

No congresso, estiveram delegados de seis sindicatos: Amazonas, Pará, Amapá e Maranhão; Alagoas-Sergipe; Rio de Janeiro; Litoral Paulista; São José dos Campos; Rio Grande do Sul. Também foram eleitos representantes de cinco oposições: Unificado-SP, Norte Fluminense, Bahia, Rio Grande do Norte e Caxias.

Os delegados e observadores do congresso concluíram que a Federação Única dos Petroleiros (FUP), fundada depois de muita luta e após derrotar os pelegos no início dos anos 1990, já não representa mais os interesses da classe trabalhadora e da categoria petroleira. A FUP coloca a defesa dos interesses do governo Lula em primeiro lugar, contra as necessidades da categoria.

A entidade governista enganou os trabalhadores na greve nacional dos cinco dias, em março deste ano, quando pediu aos petroleiros que confiassem na direção da empresa e encerrassem a greve, pois, segundo a FUP, não haveria punições. Agora, a Petrobras pune os trabalhadores no Brasil inteiro. Só na Bacia de Campos, são mais de 90 punidos.

A FUP também traiu os aposentados na campanha da “repactuação” que, na prática, reduziu a aposentadoria. A Frente também não defende os interesses dos terceirizados. Na campanha “O petróleo tem que ser nosso”, prepara-se para aceitar um acordo rebaixado ao anunciar a defesa de uma empresa 100% pública e centrar sua campanha no pré-sal, sem exigir a anulação de todos os leilões.

Nova alternativa de luta
O Congresso Nacional da FNP, ao contrário, votou como princípios da nova entidade: a luta por uma Petrobras 100% estatal; o fim dos leilões e a retomada das áreas leiloadas; a luta permanente pela independência política e financeira em relação ao Estado, aos governos e aos patrões; o apoio às lutas dos trabalhadores e suas organizações; e a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores.

Nos próximos seis meses, a FNP pretende realizar um intenso debate na base sobre a organização e o funcionamento da nova entidade, onde tudo deve ser decidido pela base, passando por assembleias de trabalhadores. São os petroleiros que decidirão temas como mandato da direção, o que fazer com o imposto sindical, instâncias, forma de eleição etc., diferente da direção da FUP, que acabou com os congressos anuais e ampliou o mandato eleitoral para três anos.

Para impulsionar o processo de debate preparatório na base e da campanha salarial, garantindo a estrutura e produzindo materiais, o congresso elegeu uma direção provisória que será composta por dois representantes de cada sindicato.

Com relação à campanha salarial, foi votada a pauta de reivindicações históricas que, agora, será debatida e votada na base. Depois desse debate, o documento será apresentado à direção da empresa e haverá uma plenária nacional dos petroleiros, com representantes da FUP, da FNP e independentes para conduzir a campanha salarial independentemente das diferenças políticas. Foi aprovado também um calendário de mobilizações que inclui o dia nacional de luta em 14 de agosto.

A FNP e o embrião da nova entidade continuarão na campanha “O petróleo tem que ser nosso”, construindo a máxima unidade na ação, mas empunhando suas bandeiras, como a da “Petrobras 100% Estatal”. Os petroleiros deliberaram, ainda, a realização de um encontro nacional das empresas a serem reestatizadas, que deverá reunir trabalhadores da Petrobras, Vale, Embraer, Correios, etc., para travar uma luta comum, mostrando que uma das marcas da FNP é a defesa da ampla unidade da classe trabalhadora.

Sem dúvida alguma, os petroleiros brasileiros demonstraram novamente que estão na vanguarda do processo de reorganização e servirão, mais uma vez, de exemplo para as demais categorias.

Post author
Publication Date