O jornal “O Tempo”, daqui de Minas, denunciou: “Demora no socorro faz pacientes agonizarem”. Entre 20 mil e 30 mil pessoas por mês amargam horas nas filas dos Pronto-Socorros em Belo Horizonte, enquanto as equipes de atendimento se desdobram para tentar resolver o que apontam como urgente e emergente. Inúmeras pessoas desistem.

Existem só oito Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) com 590 médicos em Belo Horizonte. Faltam 927 leitos na área de clínica médica. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto e infantil, o déficit é de 88 vagas. A fila para cirurgia pelo SUS chega a 18.961 pessoas. A demora, em média, é de 4 meses, o que muitas vezes complica a situação do paciente. O risco aumenta se considerarmos o tempo de espera do paciente desde a consulta, que leva, em 50% dos casos, 30 dias para ser marcada, segundo os dados oficiais. A espera é maior nas especialidades de ortopedia, cirurgia geral, ginecologia e otorrinolaringologia.

A Prefeitura de Belo Horizonte gasta menos com saúde que a constituição exige: no mínimo, 15% da Receita Corrente Líquida do município. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), 66% do gasto com saúde na cidade são provenientes de transferências da União. Entretanto, 45% são para remunerar “Despesa com Serviços de Terceiros e Pessoa Jurídica”, ou seja, terceirização.

O baixo investimento em Saúde Pública leva a uma diminuição dos leitos hospitalares na rede própria e na compra de leitos no setor privado com a elevação de gastos beneficiando este mercado.

Dos 1.082 estabelecimentos de Saúde na capital mineira, 854 são privados (79% do total, segundo o IBGE). Desiludido pelo caos na saúde pública, 74% da população belohorizontina tinha plano de saúde privado, em dezembro de 2011 (Fonte: MS/MAS).
As péssimas condições de trabalho, a jornada extenuante e a baixa remuneração dos trabalhadores da saúde levam a sérios problemas no atendimento a população. Existem acidentes no atendimento aos pacientes, envolvendo técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. Sobre este tema, o Sindeess, sindicato dos trabalhadores em hospitais privados de Belo Horizonte e Região, tem realizado uma ampla campanha por melhores salários e condições de trabalho e redução da jornada para 30 horas semanais. Esta é uma política para valorizar o trabalhador da saúde e dar qualidade ao atendimento à população.

Precisamos mudar
É preciso mudar radicalmente a situação da saúde no município. Para isso é necessário estatizar toda o sistema e conseguir financiamento de 6% do PIB. Em Belo Horizonte, exigimos aplicação de, no mínimo, 15% da Receita Corrente Líquida, conforme a Constituição.

É necessário também reverter as privatizações já feitas e estatizar os hospitais privados. Contra a terceirização e privatização das relações de trabalho sejam na forma de contratos, cooperativas, ONGs, Organizações Sociais (OS), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPS), Serviço Social Autônomo (SSA) e Fundações Estatais de Direito Privado (FEDP).

Defendemos a construção e implementação do plano de cargos e salários do SUS! Em defesa da jornada de 30h já!

Somos pelo acesso universal e gratuito aos medicamentos! Pelo atendimento a 100% da população com o Plano de Saúde Familiar. Defendemos a ampliação do atendimento no Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAN), com aumento de profissionais em número adequado, equipamentos e medicamento, bem como centros especiais para crianças. Queremos a ampliação de vagas nos CERSAN-AD para internação e atendimento aos dependentes químicos.
Post author Vanessa Portugal, de Belo Horizonte (MG)
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