Ato Unificado das centrais em Belém

A Cidade das Mangueiras poderia muito bem mudar de nome nesse dia 11 de julho. “Cidade das Reivindicações”, é assim que temos que chamar a partir de hoje”, dizia um trabalhador. Assim como ele, mais de cinco mil pessoas foram às ruas no Dia Nacional de Greves, Paralisações e Manifestações, em Belém. Mais de 20 categorias participaram do protesto, que se iniciou por volta das 8h em diversos pontos da cidade e terminou no início da tarde, em frente ao Centro Interado de Governo. Uma comissão foi recebida por representantes do governo e protocolaram uma carta de reivindicações das centrais sindicais.

As pautas gerais unificavam os trabalhadores. Nos quatro pontos de concentração do ato (Prefeitura Municipal de Belém, São Brás, CAN e sede do Sindicato da Construção Civil de Belém), professores e técnicos da UFPA, bancários, servidores públicos, policiais, operários, urbanitários e diversas outras categorias exigiam a redução do preço e melhora na qualidade dos transportes coletivos; mais investimentos na saúde e educação pública; fim do fator previdenciário e aumento das aposentadorias; redução da jornada de trabalho; fim dos leilões das reservas de petróleo; contra o PL 4330 da terceirização e Reforma Agrária. Em síntese, a insatisfação com o pouco investimento nos serviços públicos tomava conta do protesto.

Além do descaso com os serviços públicos, o representante da CSP-Conlutas e militante do PSTU, Abel Ribeiro, acredita que categorias estratégicas do país estão paralisadas hoje, pois o modelo aplicado pelos governos em nível municipal, estadual e nacional não serve aos trabalhadores e à juventude: “Nós queremos construir o movimento de luta nas ruas, nos bairros, pois só assim podemos ganhar. Mas também queremos construir outro tipo de sociedade, porque no capitalismo, os patrões dão com uma mão e tomam com a outra.”, disse.

PSDB: governo dos empresários, contra os trabalhadores
Além da pauta nacional, revindicações locais foram abordadas. A não privatização da Santa Casa de Misericórdia, redução da tarifa de ônibus e construção de creches públicas foram exigidas. Em frente à prefeitura, uma comissão, entre estudantes e trabalhadores, foi recebida pela prefeitura e exigiu uma resposta do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB). “O que vimos foi a mesma enrolação de sempre”, disse Airton Moraes, militante da juventude do PSTU.  Segundo ele, o prefeito afirmou que só o congelamento da tarifa de ônibus já causa um prejuízo muito alto para os empresários e que a redução da tarifa é inviável. Zenaldo ainda se comprometeu a realizar uma audiência pública para provar à população que as contas da prefeitura não são suficientes para arcar com a redução. “Quem tem prejuízo é a população e não os empresários. Eles lucram rios de dinheiro todos os dias enquanto nós sofremos com as passagens caras e os ônibus sucateados”, disse Airton.

Já em frente ao Centro Integrado de Governo (CIG), quando todos os atos tinham unificado, outra comissão foi formada. Desta vez, a carta de reivindicações deveria ser entregue ao governador do estado, Simão Jatene, também do PSDB. Como o governador não estava no local, a comissão foi recebida pelo Secretário Especial de Estado de Proteção e Desenvolvimento Social, Sérgio Leão. De forma vaga, o secretário se comprometeu a analisar as reivindicações em 15 dias e dar uma resposta ao documento. 

Para o vereador Cleber Rabelo (PSTU), a resposta negativa de Zenaldo e a ausência de Jatene mostram que o PSDB não governa para os trabalhadores. O vereador também lembrou da recente votação do Plano Plurianual na Câmara Municipal de Belém. “Os vereadores da base aliada do governo votaram contra a população: contra o investimento de 25% do orçamento municipal para a saúde e 20% para a educação. Além disso, não se manifestaram sobre o passe-livre.”, recorda. 

Rabelo também parabenizou a Dia Nacional de Lutas protagonizado pelos trabalhadores em todo o país e reforçou o apoio do PSTU à luta da classe trabalhadora por mais conquistas. “O PSTU apoia e se soma às mobilizações porque acreditamos que só por meio da luta podemos avançar em nossas conquistas. Estamos lado a lado dos trabalhadores contra a política do PSDB, mas também contra a política econômica do governo Dilma (PT) que mantém o pagamento da dívida pública com o único propósito: beneficiar os banqueiros internacionais e nacionais (…). O dia 11 de julho foi uma importante prova de que os trabalhadores podem se organizar para lutar e vencer!”.