Mesa do ato político da Frente
Paulo Almeida

Ato foi no mesmo auditório onde a professora Amanda Gurgel fez seu discurso, há um ano, na frente dos deputados.Na noite desta segunda-feira, dia 25, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Natal viu nascer uma alternativa política de esquerda para os trabalhadores nas eleições municipais deste ano. Em convenções realizadas simultaneamente, seguidas por um ato político com cerca de 150 pessoas, PSTU e PSOL oficializaram a aliança eleitoral e confirmaram a pré-candidatura do professor da UFRN Robério Paulino (PSOL) a prefeito da cidade. Já o candidato a vice-prefeito será indicado pelo PSTU até a próxima sexta-feira, dia 29.

Com o slogan “Chega da velha política: Natal para os trabalhadores”, a Frente Ampla de Esquerda pretende transformar Natal pela força da mobilização social e apresentar um programa de governo dedicado às necessidades da classe trabalhadora, dos estudantes e do povo pobre. Esse objetivo, que exclui a forma de fazer política dos partidos tradicionais e daqueles que traíram os trabalhadores, ficou claro numa palavra de ordem cantada por todos os presentes ao ato. “Frente de esquerda é pra valer, pra derrotar os caciques e o PT!”. Esse deverá ser o perfil das candidaturas em toda a campanha, com destaque para o caráter socialista da Frente de Esquerda, que irá mostrar que é impossível governar para patrões e trabalhadores ao mesmo tempo.

Governar para os trabalhadores
A convenção do PSTU, que oficializou a pré-candidatura da professora Amanda Gurgel a vereadora em Natal, foi um momento para que militantes e simpatizantes discutissem a participação dos revolucionários nas eleições. O professor Dário Barbosa, militante histórico do partido, lembrou que as verdadeiras mudanças na vida dos trabalhadores não virão pelo voto, já que as empresas e bancos financiam os grandes partidos e depois mandam nos eleitos. Mas, destacou a importância desse espaço para mobilizar a classe trabalhadora. “Para os revolucionários, as eleições são o momento para divulgar um programa socialista para os trabalhadores, um programa que atenda as suas necessidades.”, destacou.

Dário Barbosa apontou a importância da Frente Ampla de Esquerda para mostrar que é possível governar Natal para quem nela trabalha. “É possível, sim, governar essa cidade, mas não com Carlos Eduardo, não com Mineiro, não com Rogério Marinho. Esses e seus aliados já passaram pelo governo e pela Prefeitura e abandonaram a saúde e a educação públicas, da mesma forma como Micarla está fazendo agora. Nós queremos dizer que é possível governar essa cidade com um programa para os trabalhadores. E foi por isso que nós resolvemos formar essa aliança entre PSOL e PSTU, numa frente de esquerda socialista para Natal”, finalizou.

Uma trabalhadora que ousou levantar a voz
Após as convenções, os dois partidos e os ativistas dos movimentos sociais presentes realizaram um ato pela Frente de Esquerda. Os militantes e simpatizantes do PSTU entraram no plenário cantando a palavra de ordem “Frente de Esquerda, é pra valer! Pra derrotar os caciques e o PT!”.

A mesa foi composta por representantes dos dois partidos, do Coletivo Socialista da UFRN e do Coletivo Leila Diniz. Além dos dois candidatos prioritários da Frente, Sandro Pimentel, liderança dos servidores da UFRN e ex-candidato ao governo do Estado pelo PSOL, e a professora Amanda Gurgel, do PSTU. Ao todo, a chapa deve ter cerca de 15 candidatos a vereador, entre eles o sindicalista Santino Arruda, do PSOL.

A professora Amanda Gurgel, pré-candidata a vereadora pelo PSTU, começou sua fala lembrando que há um ano, naquele mesmo auditório, na Assembleia Legislativa do Estado, ela pedia a palavra para contar a situação dramática da educação pública. Sua fala ganharia o país através da internet e faria milhões de pessoas se sentirem representadas. “Aquele foi um momento importante porque foi o dia em que uma trabalhadora ousou levantar a voz a vários políticos, diretamente responsáveis pelo caos na educação, na saúde e na vida dos trabalhadores.”, disse Amanda, destacando que esse será o tom de sua campanha, fazer os trabalhadores levantarem suas vozes contra os políticos tradicionais.

Sobre a importância da formação da Frente Ampla de Esquerda, Amanda afirmou estar orgulhosa de ver a esquerda socialista unida em Natal e disse que a tarefa dessa união é mostrar a vida como ela realmente é, expondo as injustiças sociais. “A Frente tem que mostrar a vida como ela é. Somos diferentes dos partidos e políticos tradicionais, que enchem a TV com mentiras e contos de fadas. Nós vamos mostrar como é a vida do professor, do operário, do trabalhador em geral. E vamos dizer a eles como é possível mudá-la”, enfatizou a professora.

Para ela, a frente deve disputar a consciência dos trabalhadores. “Por que o trabalhador faz greve, como os servidores federais? Não é porque ele acha bonito, não é porque gosta. É porque é necessário. Nós colocamos nossas candidaturas à disposição dessas lutas”, disse.

Amanda Gurgel apontou ainda como motivo para a repercussão de seu vídeo o fato de o discurso ter sido feito por uma mulher. “Os políticos estão acostumados a não termos voz”, afirmou. Ela lembrou que já existem mulheres em cargos institucionais, mas disse que só isso não basta. “Se fosse suficiente uma mulher assumir um cargo no executivo ou no legislativo, nós não estaríamos na situação em que estamos hoje. Afinal de contas, temos três mulheres à frente dos governos. Dilma no governo federal, Rosalba no governo estadual e Micarla no governo municipal. E o que mudou na situação das trabalhadoras? Nada. Não adianta apenas ser mulher. É necessário ser uma mulher trabalhadora, para se ter um olhar sobre a realidade da vida das mulheres trabalhadoras”, declarou.

Contra a velha política: Natal para os trabalhadores
Encerrando o ato político de lançamento da Frente Ampla de Esquerda, o professor Robério Paulino, pré-candidato a prefeito de Natal pelo PSOL, defendeu a aliança com o PSTU como uma alternativa para os trabalhadores e lembrou que o sonho socialista não morreu. “Disseram que o socialismo morreu e que o capitalismo era o fim da história. Está aí o fim da história capitalista na Europa, com a retirada de direitos históricos dos trabalhadores, desemprego e miséria. É isso que o capitalismo reserva para a humanidade.”, argumentou.

Robério Paulino falou sobre o caos social que vive a cidade, resultado da desastrosa e elitista gestão da prefeita Micarla de Sousa (PV) e das gestões anteriores. Ele mencionou os diversos problemas que afetam os trabalhadores e jovens pobres de Natal, como a ausência de merenda nas escolas, inexistência de saneamento básico e transporte público precário. O professor da UFRN ainda afirmou que para reverter essa situação é preciso fazer uma política diferente. “Nós vamos apresentar nestas eleições uma alternativa completamente diferente dessas oligarquias que dominam nosso estado e nossa cidade, diferente da esquerda que se vendeu e que se abraçou com o Maluf, diferente dessa elite capitalista medíocre”, defendeu.

O ato terminou com um protesto contra o golpe militar no Paraguai, que depôs o presidente Fernando Lugo. Com os punhos erguidos, os militantes gritaram “Não passarão” em alusão aos golpistas. Nesta quinta, os ativistas da frente na UFRN farão uma plenária para organizar os próximos passos da campanha na universidade.