Não é novidade que o agronegócio brasileiro está por trás de centenas de denúncias sobre o trabalho degradante: o trabalho escravo modernoNo ano passado, foram libertadas pelas equipes móveis do Ministério do Trabalho 5,9 mil pessoas submetidas a condições semelhantes às da escravidão. O dado é da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que também apurou que cerca de 60% das denúncias de trabalho escravo se referem à fazendas de pecuária, seguida pela soja, algodão, cana-de-açúcar e carvoarias.

Ainda segundo a CPT, o trabalho escravo no Brasil vem crescendo nas fronteiras agrícolas alentado pelos preços internacionais favoráveis das matérias-primas. Algo que também é apontado como um dos fatores do aumento da devastação da Amazônia.

As áreas amazônicas sofrem o desmatamento com o avanço predominante da criação de gado e do plantio de soja. Destaca-se o avanço da agropecuária em direção ao sul de Rondônia e do Pará e ao norte do Mato Grosso, onde – não por acaso – são registrados os maiores índices de trabalho escravo. Quase três mil trabalhadores semi-escravizados estavam na região Centro-Oeste e cerca de dois mil, no Norte do país.

Situação pode piorar
Engana-se quem acha que em 2008 as coisas podem melhorar. Pelo menos não é o que apontam os novos números do Ministério do Trabalho.

Neste ano, foram resgatados aproximadamente 100 trabalhadores em condições de trabalho degradante. O Mato Grosso foi o primeiro a registrar libertações. Inclusive, uma fazenda do primo do governador, Blairo Maggi (PR), foi autuada.

Enquanto o trabalho escravo cresce no campo, o governo Lula implementa uma política recheada de facilidades ao agronegócio. Algo que começa com a liberação dos transgênicos, passa pela impunidade aos crimes do latifúndio e vai até a facilidade de crédito para os ruralistas. O que esperar de um presidente que tem os usineiros como “heróis nacionais”? Ou, ainda, que se alia ao pior da política nacional, inclusive a deputados e senadores escravocratas? Daqui a pouco teremos um feriado nacional do tipo “dia do latifundiário”.