Debate na Band

Leia o editorial do jornal Opinião Socialista nº 561

Está começando a campanha eleitoral na televisão. É quando a disputa inicia de fato no Brasil.

Estas eleições, no entanto, são muito diferentes das anteriores. Primeiro, pela enorme crise econômica, social e política em que o país está metido. Reflexo disso, nunca se viu um quadro tão indefinido quanto o atual. A burguesia segue extremamente dividida sobre qual caminho seguir. A maior parte está com Alckmin (PSDB), que custa a subir nas pesquisas e amarga os piores índices de um candidato tucano.

Outra parte da burguesia, bem minoritária, definiu-se por Bolsonaro. Longe de ser uma solução segura para o conjunto da burguesia, o capitão da reserva representa o perigo de mais instabilidade ainda. Outra parte está com o PT, com ou sem Lula, ou Ciro Gomes e Marina Silva. Essa última é um plano B de setores como a Rede Globo caso Alckmin não decole.

Nesse quadro de completa confusão dos de cima, os trabalhadores e a maioria da população observam com indiferença as movimentações e as alianças espúrias dos grandes partidos. Nesse sentido, o crescimento da candidatura de Lula nas pesquisas, polarizando com Bolsonaro, longe de representar uma recomposição do PT e um apoio entusiasmado ao ex-presidente, é expressão do desgaste e do rechaço ao governo Temer.

Em meio a tudo isso, aprofunda-se o caráter antidemocrático das eleições. Alckmin, que se aliou a todo tipo de partido corrupto, tem mais de cinco minutos na televisão e um bombardeio de inserções diárias. Vera, do PSTU, terá só cinco segundos e está sendo vetada dos debates pela grande mídia, controlada por apenas cinco famílias.

A tal da reforma eleitoral, por sua vez, que proibiu o financiamento de empresas, continuou permitindo a doação de banqueiros e empresários. Os banqueiros Henrique Meirelles, do MDB, e João Amoedo, do Partido Novo (que de novo não tem nada) prometem despejar milhões em suas próprias campanhas. Cada vez mais, manda quem tem dinheiro.

Ataques continuam
Se as eleições estão emboladas, com o quadro completamente indefinido, e o governo em clima de fim de feira, a burguesia, o governo e o Judiciário continuam atacando os trabalhadores. Enquanto fechávamos esta edição, o Supremo Tribunal Federal votava a terceirização generalizada. Quatro ministros eram favoráveis à medida de precarização do trabalho, e três, contra. Nas categorias, os patrões tentam a todo custo impor a reforma trabalhista nas campanhas salariais.

A imprensa, o governo e os empresários, por sua vez, pressionam para uma reforma da Previdência que ataque as aposentadorias dos trabalhadores para desviar mais dinheiro para os banqueiros via pagamento da dívida pública. Seja quem for o presidente eleito, a primeira coisa que vai fazer será a reforma da Previdência.

Vera durante Convenção Nacional do PSTU. Foto Romerito Pontes

Nestas eleições, 16 é rebelião!
Em meio a essa situação, todos aqueles que estão na luta, que sabem que as eleições não vão resolver nenhum problema do país, têm a responsabilidade de fazer uma campanha de independência de classe contra os diferentes blocos da burguesia e seus projetos capitalistas. É para isso que serve a campanha revolucionária da Vera e do PSTU, afirmando a necessidade de uma rebelião dos de baixo contra os de cima. E uma candidatura daqueles que vão continuar lutando, independentemente de quem seja eleito presidente. A campanha do PSTU é para organizar a rebelião agora e depois. A campanha de Vera é a única que defende um projeto socialista para o Brasil.

Tudo isso não é tarefa só do PSTU e de Vera. É de todos aqueles que querem organizar a classe trabalhadora e o povo pobre para lutar contra os ataques dos governos e dos patrões.

A candidatura Vera e Hertz é a única que defende romper com a dívida pública, que rouba metade do Orçamento todos os anos para meia dúzia de banqueiros. Guilherme Boulos (PSOL) não propõe parar de pagar a dívida, mas apenas uma auditoria para as futuras dívidas.

A candidatura do PSTU é única que apresenta a necessidade de se tomar medidas contra a grande propriedade capitalista, como a estatização das 100 maiores empresas e a estatização dos bancos e das multinacionais sob controle dos trabalhadores.

Em essência, há dois projetos opostos nestas eleições. Um capitalista, que defende a aliança com a burguesia, e outro operário e socialista.

Os candidatos que representam os projetos capitalistas e de colaboração de classes – desde Bolsonaro até PT, Alckmin, Ciro e Marina – vão atacar ainda mais a classe trabalhadora e a população. Na enorme crise capitalista em que vivemos, simplesmente não dá para governar por dentro do sistema e, ao mesmo tempo, garantir qualquer melhoria ou mudança nas condições de vida do povo.

Vamos organizar os trabalhadores e povo pobre das periferias, assim como os negros, os quilombolas, os indígenas, as mulheres e as LGBTs. Precisamos dizer: não aceitaremos que toquem em nossos direitos e em nossas aposentadorias. Precisamos de uma revolução que ponha esse governo abaixo e construir um governo nosso, com base em conselhos populares. Precisamos de uma rebelião.

16 é rebelião!