Da esquerda para a direita, Tomás, Cynthia e Julio
Partido de los Trabajadores

O Partido dos Trabalhadores do Paraguai oferece uma alternativa classista, socialista e sem patroes nas eleiçoesNo próximo dia 20, acontecerão as eleições presidenciais no Paraguai. O país está mergulhado em graves crises sociais no campo e na cidade, frutos da brutal concentração de terras nas mãos dos latifundiários da soja e dos planos neoliberais de privatização da saúde e da educação.

Governada pelo Partido Colorado há 61 anos, incluindo os tenebrosos anos da ditadura Stroessner (1954-89), as massas trabalhadoras lutam por terra e trabalho e depositam suas esperanças nas atuais eleições. Diferentemente do Brasil, onde as eleições não mais empolgam e encantam, no Paraguai elas tomam conta da conjuntura e contangiam amplos setores.

A principal disputa se dá entre Blanca Ovelar, do Partido Colorado, candidata do atual presidente Nicanor Frutos, e Fernando Lugo, ex-bispo da Igreja Católica vinculado aos movimentos sociais. As últimas pesquisas apontam Lugo com 33%, Blanca com 27% e o general Lino Oviedo com 24%.

Sobre Oviedo, vale lembrar que estava preso por tentativa de um golpe militar em 1996 contra o governo colorado, do qual é dissidente, e foi recentemente libertado pelos próprios colorados para concorrer as eleições.

Apesar de toda a expectativa dos camponeses e operários, a candidatura de Lugo está completamente subordinada politicamente e é financiada pelo tradicional Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), que governou o Paraguai antes da ditadura militar. A coalisão Lugo-PLRA tem como principal lema “el cambio seguro” (a mudança segura) e defende categoricamente que governará para todos, o que inclui os barões da soja, os banqueiros e os donos de fábricas.

Lugo chegou a afirmar que sua luta não é sequer contra o “glorioso Partido Colorado” e nem contra a burguesia brasileira, que impõe a monocultura da soja no país, mas sim contra a “rosca mafiosa” (camarilha mafiosa) que se apoderou do Paraguai. Muitos latifundiários brasileiros compraram terras paraguaias para ampliar a sua produção e expulsaram pequenos agricultores locais de suas terras. Portanto, está em curso um projeto de conciliação de classes a serviço do imperialismo, em que Lugo terá como tarefa derrotar e desmoralizar o movimento de massas.

Nesse contexto, o Partido dos Trabalhadores (PT), seção da LIT-QI, não se rendeu como o restante da esquerda e lançou candidaturas classistas, socialistas e revolucionárias para a presidência da República (Júlio López e Cynthia Hernandez), Senado (Tomás Zayas) e Câmara dos Deputados em cinco estados do país.

A campanha do PT tem uma certa penetração na mídia e nos principais jornais do Paraguai e está a serviço da reconstrução do classismo, das lutas camponesas, dos trabalhadores urbanos, dos estudantes e das camadas populares. Terra, trabalho e soberania são as sua principais bandeiras. O PT se orgulha das suas candidaturas e não cessará um instante a luta contra os latifundiários, banqueiros, patrões e todo o governo, seja ele de Blanca Ovelar, seja de Fernando Lugo.

Perseguição a Tomás Zayas
Não por acaso, Tomás Zayas, dirigente do PT e secretário geral da Central Nacional de Organizações Camponesas, Indígenas e Populares (CNOCIP), teve contra ele cinco pedidos de prisão durante a campanha eleitoral. Agora, na reta final, apareceu mais um pedido por suposta “tentativa de homicídio” e “associação criminal”. Trata-se de acusações totalmente caluniosas, inclusive contraditórias entre si, para intimar aqueles que lutam contra os latifundiários que assassinam camponeses e envenenam a população rural com agrotóxicos e não se curvaram diante do projeto de conciliação de classes de Lugo-PLRA. É importante ressaltar que por trás das acusações estão, também, latifundiários brasileiros.

Somente a solidariedade e a luta conjunta dos trabalhadores paraguaios e brasileiros poderá colocar abaixo esse vergonhoso tratado e abrir caminho para a conquista da soberania do Paraguai.