Leia abaixo uma entrevista com Fabiana Stefanoni, candidata a primeira ministra da Itália pelo Partido de Alternativa Comunista (PdAC) nas eleições legislativas de 13 e 14 de Abril. O PdAC, filiado à Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) surgiu a partir de uma ruptura da Refundação Comunista quando este partido decidiu participar da coligação eleitoral União, liderada por Romano Prodi. O PdAC denunciou e mobilizou contra o governo Prodi, que manteve as tropas italianas no Afeganistão e no Líbano e aumentou a idade para se aposentar com uma reforma previdenciária. Na entrevista, Fabiana faz um importante balanço do governo de centro-esquerda de Romano Prodi, além de denunciar medidas anti-aborto conduzidas pelo vaticano e pelo governo, e ainda relata a situação dos trabalhadores precarizados do país.

O PdAC vai participar das próximas eleições italianas. Quais as razões desta escolha para um partido revolucionário?

O nosso partido está nas lutas, pois é esta a localização de quem quer derrubar a sociedade corrupta capitalista. Não acreditamos que a solução para os trabalhadores possa vir das urnas. Todavia, como leninistas, consideramos o momento eleitoral uma ótima ocasião para fazer propaganda do programa revolucionário. Nas semanas que antecedem as eleições, a atenção de milhões de trabalhadores e jovens concentra-se nos temas políticos. Os comunistas também podem beneficiar-se de uma maior visibilidade. A campanha eleitoral, o recolhimento de assinaturas nos locais de trabalho, nas praças etc., se constituem numa grande oportunidades para fazer novos contatos, distribuir os nossos panfletos e o nosso jornal, chegar as pessoas.

A recém formada Sinistra Arcobaleno [Esquerda arco-íris, composta pela Refundação Comunista, Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), Verdes (Verdi) e Sinistra Democrática (SD, dissidentes dos Democratas de Esquerda, ex-Partido Comunista Italiano], apesar da hipocrisia do nome, traiu de fato os interesses dos trabalhadores, dos precários, das mulheres, dos imigrantes, votando ao longo de dois anos de governo, a favor da guerra e das políticas de exclusão racista e mantendo, aliás, piorando, as condições de vida e de trabalho precário e das mulheres.

Hoje, abandonando a foice e o martelo, sancionam até no plano simbólico o abandono de uma perspectiva comunista. Uma perspectiva que nos achamos a única possível em face da trágica realidade do capitalismo, hoje mais clara que nunca: novas guerras, povos inteiros oprimidos e famintos, empobrecimento de setores cada vez maiores da população, desemprego, destruição do ambiente e dos recursos naturais, difusão do trabalho precário e mal pago, políticas racistas e de exclusão contra os imigrantes, discriminação sexual. Isto é o capitalismo. Não há como “reforma-lo” – como ficou demonstrado nos últimos dois séculos. Por isso é preciso derrotá-lo e, para fazê-lo, é preciso criar as condições necessárias nas lutas, ganhar a maioria dos trabalhadores politicamente ativos, dos jovens, dos imigrantes para um programa revolucionário.

O nosso partido surgiu no inicio de 2007, com a participação de muitos camaradas desiludidos com a política da Refundação e do governo. E graças as pessoas provenientes dos sindicatos de base, dos movimentos da esquerda e da Cgil [o maior sindicato de trabalhadores da Itália]. Nossos militantes são na maioria jovens precarizados, estudantes, operários, mulheres e imigrantes. Estamos sentindo na pele a injustiça do capitalismo, portanto vamos fazer todo o possível para que não desapareça no plano eleitoral a possibilidade de dizer não a este sistema; vamos fazer todo o possível para retomar a política verdadeira (a da militância e do empenho, e não a das carreiras burocráticas), para fazer propaganda da exigência de um governo de trabalhadores e para os trabalhadores, única solução para acabar com a propriedade privada dos meios de produção e todas as suas conseqüências: trabalho assalariado, exploração bestial de milhões de homens e mulheres por uma minoria de famílias multimilionárias.

Dizemos: não foi a “esquerda” que falhou, mas sim a esquerda no governo, a esquerda que se iludiu, ou melhor, iludiu as pessoas, com a possibilidade de começar “mudanças reformistas” por meio da aliança com a burguesia. Aqui esta, para nos, o sentido, da foice e do martelo, símbolo com o qual vamos nos apresentar a estas eleições.

A lei eleitoral impõe aos partidos sem representação na Assembléia da República, um difícil recolhimento de assinaturas (milhares em cada circunscrição eleitoral em poucas semanas) para poder apresentar a sua candidatura…

Estamos conscientes desta dificuldade. A nossa proposta para ultrapassar os obstáculos burocráticos desta lei burguesa consiste no debate com outras organizações a esquerda da “cosa rossa” (ou seja, do grupo onde está presente a Refundação) para talvez formar um bloco eleitoral que reúna estas forças, uma lista unitária que não abandone a foice e o martelo com tudo o que isto representa, isto é, a autonomia do movimento dos trabalhadores diante da burguesia e os seus governos.

Uma lista onde ficaria claro desde o inicio a indisponibilidade absoluta para qualquer forma de apoio a qualquer governo de centro-esquerda, seja no plano nacional, no plano local (sem incertezas nem hipótese de apoio alternativo ou “critico” aos governos). Isto é para nós o ponto fundamental: a recente experiência do governo Prodi demonstrou que o Partido Democrata e os seus satélites são os melhores interlocutores da Confindustria [confederação dos empresários]. Nunca o patronato italiano obteve tantos resultados como nestes dois últimos anos de governo, a começar pelos acordos de Julho, por meio dos quais começou a por em questão o contrato coletivo de trabalho, tudo isto com a cumplicidade dos grandes sindicatos de trabalhadores, como a Cgil, Cisl e Uil.

A nossa proposta para a formação de um bloco eleitoral não quis esconder as profundas diferenças entre nós e as outras organizações surgidas à esquerda da Refundação, a começar pela Sinistra Critica e Pcl: diferenças que envolvem questões fundamentais que não vamos ignorar. Estamos contra a construção de “partidos leves” feitos só de inscritos; assim como não estamos interessados na construção de “redes anticapitalistas”, etc.

Todavia, como todos nós não somos auto-suficientes no plano eleitoral, e como não ignoramos a exigüidade das forcas, achamos que a discussão sobre a formação de um bloco poderia servir de resposta as exigências dos trabalhadores que estão a procura de uma alternativa real, que percebem que a remoção dos símbolos [uma referencia a retirada da foice e do martelo como símbolo da Refundação Comunista a partir da formação do novo partido de que faz parte, a Esquerda arco-íris] não é um fato puramente gráfico, mas a conclusão de um processo.

Mas recebemos uma resposta negativa tanto da Sinistra Crítica como do Pcl, que adotaram uma atitude sectária, convidando os outros para apresentarem-se com as bandeiras deles (o Pcl proclamou logo que iria apresentar-se sozinho; a Sinistra Crítica avançou com uma estranha proposta “unitária” para a construção de uma lista chamada “Sinistra Critica”). Decidimos então, apresentar listas do nosso partido em todas as circunscrições onde estamos presentes, conscientes das dificuldades desta tarefa, mas com a certeza de que não temos nada a perder no começo de uma campanha de propaganda de massa.

Você é a única mulher da esquerda candidata a primeira-ministra. Fala-nos a respeito disto

Como sabe, a fórmula “candidato presidente” é prevista pela lei eleitoral. Aproveitamos para candidatar uma mulher para sintetizar um ponto fundamental da nossa batalha como comunistas. Ainda mais neste momento, em que temos que enfrentar os ataques pesados do Vaticano, das hierarquias católicas e dos representantes políticos das duas formações da alternância burguesa contra os direitos das mulheres.

Os últimos acontecimentos em Nápoles, com a irrupção da policia num hospital por suspeita de “feticidio” [Num gesto sem precedentes na historia da Itália, em Fevereiro deste ano, policiais entraram num hospital em Nápoles para interrogar uma mulher apos um aborto e levaram o feto para uma autopsia], representam apenas a manifestação mais flagrante de um fenômeno muito preocupante. Não podemos esquecer que a proposta do Foglio [jornal italiano] para uma moratória da lei do aborto obteve o aplauso entusiasta não só do Vaticano e da centro-direita, mas também de famosos personagens do Partido Democrata (Pd), com Binetti [Paola Binetti, senadora da Margherita, de Romano Prodi, que agora esta no Partido Democrata] à cabeça.

A lei 194 [lei do aborto] está sendo atacada não só pela cruzada dos católicos fundamentalistas, mas pela realidade quotidiana. Em muitos hospitais, o aborto não pode ser realizado em função da “objeção de consciência” alegada pelos médicos e apoiada pelas administrações locais (só no Veneto mais de 80% dos ginecologistas são “objetores” e nos hospitais privados este percentual chega aos 100%). O “Movimento per la vita” tomou conta, com a aprovação dos dirigentes, de muitas seções de ginecologia de toda a Itália, assim como muitas associações anti-aborto participam da gestão dos “consultori” [o setor do serviço público de saúde responsável pela assistência à família, aos problemas sexuais, a gravidez, onde normalmente trabalham ginecologistas, sexólogos, psicólogos, etc.]. Na Lombardia Formigoni não só foi aprovado o enterro dos fetos, mas também se reduziu o limite, de 22 para 21 semanas, para o aborto terapêutico, realizado em caso de má formação do feto ou de risco para a saúde da mulher.

Mas a saúde da mulher pouco importa, como demonstra o fato de que, em dois anos de governo Prodi, a centro-esquerda, tão celebre em reconhecer legitimidade ao ignóbil protesto dos anti-abortistas, nem mesmo tentou abolir a Lei 40, aprovada em 2004. Esta lei restringe a fecundação aos casais heterossexuais, mesmo assim depois de forçá-los a um teste de esterilidade ou infertilidade. E mais: esta lei obriga a implantação de todos os embriões fecundados com graves riscos para a saúde da mulher, tudo isto sob a desculpa da defesa dos direitos de uma parte infinitesimal de matéria, visível apenas com um microscópio. O Estado italiano acha que o embrião deve ser protegido da mesma forma que uma pessoa, enquanto as mulheres acabam sendo consideradas “não pessoas”, pois contra seus corpos são permitidos os piores estragos.

Mas a centro-esquerda (que incluía e inclui ainda os partidos social-democratas como a Refundação Comunista) tem ainda outra responsabilidade: a ministra da Saúde Livia Turco não só não aboliu a Lei 40 como também foi cúmplice do Vaticano quando dificultou o uso da pílula abortiva RU486. A esquerda “radical” – hoje arco-íris – teve grande responsabilidade nesta situação inaceitável: o equilíbrio do governo assim como a aliança com a Confindustria e o Pd da Bindi e Binetti provocaram a inércia sobre a questão das mulheres. Mas as mulheres estão levantando a voz nas ruas como demonstram as manifestações estes últimos dias.

Não é por acaso a escolha por uma trabalhadora precária para candidata

Óbvio. A precariedade e uma praga que esta afetando a maioria dos jovens, mas não só. O governo Prodi não pôs minimamente em questão a Lei 30 [sobre a flexibilidade do mercado do trabalho]. Aliás, esta foi reconfirmada com os acordos de Julho e aplicada cada vez mais. Contratar mão-de-obra precária convém ao patronato, não só porque é mais barata, mas também porque o trabalhador precário esta mais sujeito a chantagem. Protestar ou estar dentro de um sindicato pode colocar em perigo o emprego.

Tudo isto foi demonstrado com a tragédia da Thyssenkrupp, com os trabalhadores sendo obrigado a cumprir ritmos de trabalho pesados, horas de trabalho extraordinárias, obrigados a arriscar a vida para não arriscar o seu emprego. Enquanto os operários morrem nos locais de trabalho, o ministro do Trabalho, Cesare Damiano, avança com a proposta de reduzir o valor das horas extraordinárias e Veltroni [Walter Veltroni, líder e cabeça de lista do novo Partido Democrata (Pd) as eleições de Abril] pensa em combater a precariedade oferecendo dinheiro…. as empresas! E com esta gente que o ex-ministro da Solidariedade Social da Refundação Comunista, Paolo Ferrero, queria construir uma “virada à esquerda”! E depois de tudo isto o PRC ainda tem a coragem de organizar uma convenção operária em Torino em frente a sede da Thyssen!

Qual é o seu trabalho?

Eu sou uma professora precarizada e vou continuar precarizada por muito tempo. Na escola, a precariedade é a condição normal. Em muitos lugares, a idade para um contrato estável está mais perto dos 50 do que dos 40 anos. Os professores precários são muitos mais baratos para o estado porque não recebem salário por quase três meses durante o ano. Chegamos em Agosto sem saber se vamos ter trabalho no ano letivo seguinte.

O super-católico ministro da Educação, Giuseppe Fioroni, aumentou o financiamento público para as escolas particulares católicas. Na passada lei orçamental, as escolas privadas receberam mais de 100 milhões de euros, e pela primeira vez os financiamentos foram estendidos às escolas secundarias. Tudo isto enquanto as escolas públicas estão em ruína, não há dinheiro para os cursos de recuperação e, acima de tudo, estão cortando os postos de trabalho na escola. O ministro falou no corte de 40.000 unidades de trabalho entre professores e empregados tecnicos-administrativos, 11.000 dos quais já foram feitos. Os mais penalizados são os precários, mas também para quem tem um emprego estável a situação não esta muito melhor. Estes cortes provocaram o aumento do número de alunos por turma.

Hoje no secundário temos até 33 alunos por turma. O ministro lançou o alarme hipócrita contra o fenômeno do “bullismo” [violência entre os jovens, em particular dentro das escolas], ignorando que foram estas mesmas condições de estudo e de trabalho que incentivaram este fenômeno. Neste caso também é preciso lembrar que os partidos que compõem a atual Esquerda arco-íris sempre votaram a favor das propostas do Fioroni, incluindo os cortes da lei orçamental. É preciso relançar a mobilização em defesa da escola publica, com uma frente única de luta entre trabalhadores da escola e estudantes.

Você pode nos falar do comitê “Fora as tropas”, do qual é a coordenadora?

O comitê “Fora as tropas” nasceu depois do envio das tropas ao Líbano: o seu nascimento insere-se dentro da campanha européia para a retirada das tropas de todos os palcos de guerra. Lançamos uma petição que também na Itália teve muitos apoiadores entre personagens da arte, da cultura, do espetáculo (como os músicos do Modena City Ramblers), e mais ainda o apoio de muitas lutas e movimentos, de comitês operários até comitês em defesa do ambiente.

Comitês “Fora as tropas” surgiram em várias cidades italianas e ai recolheram muitas assinaturas, fizeram atividades de contra- informação e construíram atos de protesto, integrando-se a várias iniciativas locais e nacionais. Infelizmente, também no terreno da luta contra a guerra, a participação da “esquerda radical” no governo Prodi constituiu um entrave para a mobilização. Desta forma, constatamos a hipocrisia desta esquerda quando anuncia agora, por puro cálculo eleitoral, o seu voto contrário à permanência das tropas italianas no Afeganistão. Mas não podemos esquecer que, até ontem, os deputados da atual Esquerda arco-íris sempre votaram a favor da guerra: da permanência das missões militares no Líbano e no Afeganistão, do incremento das despesas militares, da ampliação da base militar norte-americana em Vicenza.

Esta e a demonstração de que e impossível governar com a “burguesia boa” (na opinião deles representada por personagens como Marchionne, De Benedetti, Profumo…) e ao mesmo tempo proclamar-se pacifistas: o capitalismo (em todas as suas variantes de governo) exige a guerra em nome do lucro; para lutar contra a guerra é preciso lutar contra o capitalismo; para parar a guerra é preciso derrotar o capitalismo, os seus governos, as suas instituições corruptas, é construir um percurso que leve a um governo dos trabalhadores. Agora, mais do que nunca, é preciso relançar a mobilização sobre o tema da guerra. Se a Esquerda arco-íris tivesse realmente a intenção de fazer um balanço desta experiência desastrosa de governo deveria romper com os liberais pró-guerra do Pd, declarar-se indisponível para novas coligações, enfim, relançar a oposição de massa as políticas burguesas.

E não é assim?

De forma alguma. Até ao fim, a Esquerda arco-íris procurou uma aliança programática com o Pd, da qual só desistiu depois desta ter sido rejeitada por Veltroni, que assim espera retomar votos do eleitorado do centro. Mas, em caso de vitória da centro-esquerda, anuncia-se uma nova altura de alianças, especialmente a nível local, como no caso de Roma (onde haverá um caso de presidência e vice-presidência da Câmara Municipal formada por Pd e Refundação Comunista). Enfim, nada muda: a Esquerda arco-íris nasce para servir de muleta aos liberais do Pd, e também para garantir uma cobertura às políticas anti-operárias, liberais e racistas.

Não podemos nos esquecer que também a Esquerda arco-íris votou a favor do “pacchetto sicurezza” [pacto de segurança], uma medida escandalosa, criada para caçar os imigrantes romenos e outros cidadãos comunitários odiados pelos italianos “puro-sangue”. O “pacchetto sicurezza” foi aprovado após uma violenta agressão de uma mulher. Fato extremamente grave, como é óbvio, mas que só um governo ignóbil poderia ter utilizado como pretexto para lançar uma feroz campanha contra os imigrantes.

Uma investigação da Istat, escondida numa das últimas páginas do jornal Corriere della Sera de 11 de Dezembro de 2007, demonstra que 9 entre 10 violadores são italianos, sem contar com a violência dentro das famílias. Enquanto a verdadeira “insegurança” está nos locais de trabalho, na dificuldade de muitas famílias em fazer o salário chegar ao fim do mês, na precariedade da vida de todos os dias, o governo Prodi, com o voto favorável da Refundação, PdCI, Verdi e Sd, abriu a temporada de caça ao estrangeiro. Esta claro que o arco-íris que eles estão pensando está manchado pela guerra e a discriminação.

Fale sobre o que simboliza a foice e o martelo com o número quatro

Não só defendemos a foice e o martelo, mas também, pela primeira vez na história da Itália, vamos apresentar nas cédulas eleitorais, o símbolo da luta anti-stalinista do bolchevismo, ou seja, o número 4 da Quarta Internacional fundada por Trotsky. Para nós, a construção do partido na Itália é conjunta com a construção internacional, não há uma sem a outra. Nós somos, com orgulho, a seção italiana da LIT (Liga Internacional dos Trabalhadores), da qual faz parte, entre outros, o PSTU brasileiro, o principal partido de oposição de esquerda ao governo Lula.

(Traduzida por Erika Pampalone)

Para mais informações sobre o PdAC e as eleições italianas, visite o Portal do partido www.partitodialternativacomunista.org.