Vitória do Campo Majoritário derruba delírios de mudanças nos métodos e na política do PTNesta quinta-feira, 13 de outubro, foi divulgado o resultado da apuração das eleições internas petistas. Com um comparecimento de pouco mais de 30% dos filiados às urnas, cerca de 230 mil votantes, Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, foi eleito presidente do partido com 51,6% dos votos, contra 48,4% de seu concorrente Raul Pont, da Democracia Socialista. O baixo índice de votação, o discurso enganoso de ‘refundação do PT´ e o apoio que recebeu de Valter Pomar, candidato da Articulação de Esquerda, não foram suficientes para que Raul Pont vencesse as eleições.

Em sua primeira entrevista coletiva como presidente do PT, Berzoini deixou claro que as prioridades da nova gestão serão reerguer o partido depois da enxurrada de lama e reeleger Lula em 2006. Para esta última tarefa, ele reforçou a necessidade de fazer amplas alianças, já que “os partidos de esquerda ainda são minoria” no Congresso. Berzoini disse que vai trabalhar “para o partido recuperar seu brilho”.

A posse está prevista para 22 de outubro. Antes da crise, a previsão para que a nova direção eleita tomasse posse era para novembro ou dezembro. Mas, com os escândalos atingindo em cheio o PT, haverá a antecipação.

O que muda?
Como pôde ser visto na entrevista coletiva, o projeto de Berzoini para recuperar o PT não tem a ver com mudanças na política ou nos métodos do partido. Ao contrário, Berzoini elogiou o governo Lula, afirmando que “em qualquer área, nosso governo é melhor que o anterior”. Reafirmou também a política de alianças com a burguesia e a prioridade para as eleições de 2006.

A própria escolha de Berzoini é uma prova de que nada muda de conteúdo no PT. Como ministro da Previdência, ele encaminhou a reforma do setor que destruiu a Previdência pública e fez a festa dos fundos privados de pensão. Logo em seguida, foi designado ministro do Trabalho e tentou encaminhar a reforma Sindical e Trabalhista que visa fortalecer as cúpulas das grandes centrais sindicais, como CUT e Força Sindical, e destruir direitos históricos dos trabalhadores, como férias e 13º salário.

Só há uma coisa que realmente mudou nos últimos meses: é o fim do PT como direção da classe trabalhadora. O PT continuará existindo como aparato eleitoral e poderá inclusive obter grandes votações em eleições futuras. Mas esse partido não mais será visto como a esperança dos trabalhadores, perder a imagem de partido ético e não mais mobilizará a classe trabalhadora ao seu redor. É o fim do ciclo petista, inaugurando o desafio de construir uma nova alternativa de direção para a classe trabalhadora.