Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém do Pará e da Direção Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira, Atenágoras Lopes é candidato pelo PSTU. Militante desde 1996, Atenágoras foi dFala Atenágoras Lopes, candidato à Prefeitura de Belém

A convenção de lançamento das candidaturas de Belém ocorreu no dia 31 de junho e você saiu candidato a prefeito. Como foi construída sua candidatura?

A partir da reorganização do movimento sindical e do ato do dia 16 iniciamos um processo de construção de uma alternativa à CUT e formamos o Fórum Estadual de Lutas com cerca de 20 entidades sindicais. Alguns setores vieram de greves do serviço público. Na greve da Previdência e dos auditores fiscais, por exemplo, debatemos a traição do PT e a necessidade da unidade da esquerda em torno da minha candidatura.

Como não há diferença entre as candidaturas burguesas e a candidatura do PT, existem muitos setores organizados apoiando a nossa candidatura. Isso culminou com o sucesso da convenção municipal que reuniu cerca de 200 pessoas no último dia 31. Na mesa havia dirigentes do Fórum de Lutas, como Iranilson Brasil, membro da Unafisco e Marlene, dirigente do Sindicato dos Previdenciários que declararam apoio à minha candidatura. Também estiveram presentes, cerca de 20 trabalhadores daGuarda Municipal que protagonizaram uma importante greve no ano passado. Aproveitamos o lançamento da candidatura e as comemorações dos 10 anos do PSTU para realizarmos uma festa. Neste evento, participaram diversas categorias, inclusive algumas que estão em greve como a dos servidores da Justiça do Estado. Infelizmente, a maioria do P-SOL, especialmente o grupo ligado ao deputado federal Babá, não declarou apoio à minha candidatura. Babá já cometeu um grande erro ao boicotar a marcha do dia 16 de junho em Brasília. Se resolver não apoiar o PSTU nas eleições, cometerá outro equívoco. Queremos que Babá e o P-SOL venham juntar forças conosco para construir uma candidatura de esquerda, por isso, eles deveriam seguir o exemplo do companheiro Maurício, que é dirigente do Mes e membro do P-SOL, e que optou em fortalecer uma alternativa de esquerda ao apoiar a candidatura do PSTU em Belém.

Quais os maiores problemas enfrentados pelo povo em Belém?

O problema do desemprego no Pará é muito grande. São 40 mil desempregados no município. Há um aprofundamento da experiência dos servidores municipais com a administração petista, seja na Educação, na Saúde ou em outros setores. Os trabalhadores se enfrentaram com a Prefeitura por reivindicações salariais. Houve repressão às lutas. A carência de saneamento básico em Belém continua. Mais de 90% das residências, a partir de ocupações, não têm saneamento. O governo do PT defende a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e não investe nas necessidades do povo mais empobrecido. Assim como os partidos burgueses, o PT está comprometido com a política do FMI que, em nível municipal, se concretiza na LRF.

Qual a sua avaliação eleitoral em Belém?

Como há esse processo de desgaste do governo petista, os candidatos da burguesia dizem que o problema é de competência. A oposição de direita diz que o governo não gerou emprego fazendo relação com o governo federal. O candidato do PSDB, Luciomar Costa é ligado ao ex-governador Almir Gabriel, responsável pelo assassinato de 19 trabalhadores rurais sem-terra. O PMDB lançou Hélio Gueiros, testa-de-ferro do corrupto Jader Barbalho. Se houver segundo turno vai apoiar em peso a candidata do PT, Ana Júlia. Essa candidatura aprofunda a guinada do PT à direita. Ela é senadora e não tem um trabalho classista, como o próprio PT. Embora seja proveniente da esquerda do PT, não se diferencia da oposição burguesa. Por exemplo, votou pelos R$ 260 de salário mínimo.

Como será a campanha do PSTU?

Vamos nos apresentar como uma alternativa para potencializar a luta dos setores organizados e não-organizados. Denunciaremos a política do PT, que desde o nível municipal até o federal vem traindo os trabalhadores. Não há possibilidade de modificação nos municípios se não houver uma mudança geral, por isso vamos nacionalizar o debate. Só é possível mudar a realidade local deixando de pagar a dívida externa e rompendo com o FMI.

Nossa campanha abrirá um espaço para as denúncias e os chamados às mobilizações. Também chamaremos os lutadores para que fortaleçam as candidaturas proporcionais. Queremos que todos venham construir conosco o PSTU.
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