Estamos na reta final da campanha eleitoral. É uma semana chave também na evolução da crise econômica. Sente-se a economia mundial balançar e o início do pânico no mercado financeiro. Mas o Brasil parece sólido. Nada abala a segurança governista.

Diferentemente da campanha governista, quanto mais cai a economia mundial, mais parece aumentar a confiança dos trabalhadores em Lula. É possível que o PT tenha a sua maior vitória eleitoral num momento de grande crise internacional.

Para os governistas, trata-se de uma demonstração dos acertos do governo. O próprio Lula chegou a dizer que as conseqüências da crise seriam imperceptíveis no Brasil. Para os oposicionistas, loucos para virar a casaca, o prestígio do governo seria intransponível. Uma muralha.

No entanto, os ventos que sacodem Wall Street, mais cedo ou mais tarde, abalarão o governo Lula. Estamos presenciando acontecimentos de uma enorme gravidade atingindo o coração da economia mundial. Não se trata somente de um problema financeiro, mas de uma expressão profunda da crise de superprodução capitalista, que está chegando com grande força.

Abalos nas profundezas do mar se manifestam muitas vezes em tsunamis em praias muito distantes. A queima de capital que está sendo realizada em pleno coração do imperialismo vai se estender aos países semicoloniais com uma violência ainda maior. Isso só pode ser ignorado hoje por aqueles que se dedicam à propaganda das classes dominantes.

Os economistas recomendam calma à população, enquanto resgatam, nervosamente, todas as aplicações de risco de seus patrões. Evidentemente, não existe nenhuma calma entre eles.

Voto “útil”: útil para quem?
O governo Lula sairá das eleições com uma vitória. Na verdade, trata-se de mais um caso de estelionato eleitoral. Os anos de crescimento do governo coincidem com o ciclo ascendente da economia. E agora? O que virá com a crise econômica? As condições atuais se modificarão para pior.

Os trabalhadores terão de pagar um preço por essa crise. A forma que a burguesia encontra de escapar das crises é atacando o nível de vida dos trabalhadores, rebaixando os salários, cortando empregos.

O governo terá de atacar o nível de vida dos trabalhadores e estarão colocadas, neste momento, possibilidades de rupturas de setores de massas dos trabalhadores com Lula.

A vitória eleitoral do governo tem, portanto, este lado sinistro: os trabalhadores estão colocando munição nas armas que lhes serão apontadas amanhã. Estão fortalecendo o governo que vai atacar com mais força os trabalhadores porque está sendo fortalecido por uma vitória esmagadora. Trata-se claramente de um voto “útil”: útil para o governo atacar melhor os trabalhadores.

Um voto, uma base para a luta
Por isso é que hoje cada um dos votos em nossos candidatos a prefeito e vereadores é tão importante neste momento. É uma base política para as lutas futuras.

Para aqueles trabalhadores e estudantes que superaram a pressão do voto útil e vão votar em nossos candidatos, nós queremos fazer um chamado: é preciso convencer a mais três companheiros e companheiras a fazerem o mesmo.

Nós não temos e não queremos o dinheiro da burguesia ou da corrupção. Queremos o seu apoio. Vamos à luta!

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 356
Publication Date