Este ano, nós mulheres seremos chamadas a votar e a participar da “maior festa da democracia”. Vão dizer que teremos em nossas mãos o poder de colocar no governo pessoas que resolverão nossos problemas. Se não der certo, é porque erramos e teremos de esperar uma nova oportunidade.

Essas e outras mentiras são cada vez mais difíceis de engolir. Este ano, elas serão reforçadas por outra: a de que nós teremos a oportunidade de, pela primeira vez, colocar uma mulher para governar o país, e que isso será mais um passo importante para acabar com os sofrimentos diários de falta de moradia, salários baixos, fome e violência.

Dirão que uma mulher na Presidência terá mais sensibilidade aos nossos problemas, e que entre suas prioridades estarão as reivindicações das mulheres. Por ser mulher, dizem, ela nos ouvirá e será uma parceira na luta pela igualdade.

Nós, mulheres do PSTU, não acreditamos que só pelo fato de ser mulher Dilma Rousseff resolverá nossos problemas, que será diferente de um homem. Não importa o sexo do candidato. O decisivo é para quem ele ou ela vai governar, que programa defenderá, de onde virá o dinheiro de sua campanha, quem são seus aliados e qual é a sua história. Ao responder a essas questões, vemos que Dilma não vai governar para a maioria da população brasileira, trabalhadora e pobre.

Quem é Dilma
Durante todo o tempo em que ficou no governo, Dilma não se manifestou a favor de nenhuma medida para as mulheres. Pelo contrário, foi a favor do corte no orçamento para o combate à violência contra as mulheres. Isso num país em que a cada cinco segundos uma mulher é vítima de algum tipo de violência, onde uma mulher, após acionar diversas vezes a aclamada lei Maria da Penha, foi friamente morta pelo ex-marido em seu local de trabalho.

Dilma ainda não disse se é ou não a favor de que as mulheres pobres parem de morrer por falta de uma lei que legalize o aborto, num país dominado pela hipocrisia que sabe e aceita que uma mulher rica faça aborto sem correr riscos, mas deixa que 150 mil morram ou fiquem com sequelas anualmente. Dilma não terá nenhum problema em aceitar dinheiro dos patrões, que sugam a vida das trabalhadoras e trabalhadores, para se eleger. Uma candidata que, apesar de ser mulher, apoia a ocupação do Haiti e se cala perante as denúncias de estupro sofridas pelas mulheres haitianas.

As mulheres se levantaram no mundo todo para ter direito a votar e serem candidatas, mas não basta ser mulher para ser diferente. Governantes como Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, Michelle Bachelet e Cristina Kirchner, atuais presidentas do Chile e da Argentina, entre outras, são a prova de que devemos apoiar e votar em mulheres e homens que venham da nossa classe, que tenham uma trajetória de luta e candidaturas financiadas pelos próprios trabalhadores.

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