No dia 13, saiu o resultado das eleições internas do PT. Com um comparecimento de pouco mais de 30% dos filiados, Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, foi eleito presidente do partido com 51,6% dos votos, contra 48,4% de Raul Pont, da Democracia Socialista.

O discurso enganoso de “refundação do PT” e o apoio que recebeu de Valter Pomar, candidato da Articulação de Esquerda, não foram suficientes para que Pont vencesse. Sua candidatura não apresentava grandes divergências com o Campo Majoritário. Mesmo que vencesse, Pont presidiria um partido cujo diretório é amplamente dominado pelo Campo Majoritário, ou seja, não haveria mudanças na condução do partido, qualquer que fosse o resultado. A candidatura de Pont se pautou no rechaço a qualquer possibilidade de ruptura com o partido, uma vez que significaria a “fragmentação da esquerda”. Também defendeu o governo, fazendo apenas algumas críticas pontuais na economia. E, nessa disputa entre amigos, o resultado é que o PT continua como estava.

O que muda?
Em sua primeira entrevista coletiva como presidente do PT, Berzoini deixou claro que as prioridades da nova gestão serão reerguer o partido depois da enxurrada de lama e reeleger Lula em 2006. Para esta última tarefa, ele reforçou a necessidade de fazer amplas alianças, já que “os partidos de esquerda ainda são minoria” no Congresso.

O projeto de Berzoini para recuperar o PT não tem a ver com mudanças na política ou nos métodos do partido. Ao contrário, Berzoini elogiou o governo Lula, afirmando que “em qualquer área, nosso governo é melhor que o anterior”.

A própria escolha de Berzoini é uma prova de que nada muda de conteúdo no PT. Como ministro da Previdência, ele encaminhou a reforma da Previdência pública e fez a festa dos fundos privados de pensão. Depois, como ministro do Trabalho, tentou encaminhar a reforma Sindical e Trabalhista, que visa fortalecer as cúpulas das grandes centrais sindicais e destruir direitos históricos dos trabalhadores.

Só há uma coisa que realmente mudou nos últimos meses: é o fim do PT como direção da classe trabalhadora. O PT continuará existindo como aparato eleitoral e poderá inclusive obter grandes votações em eleições futuras. Mas esse partido não mais será visto como a esperança dos trabalhadores. Perdeu a imagem de partido ético e não mais mobilizará a classe trabalhadora ao seu redor. É o fim do ciclo petista, inaugurando o desafio de construir uma nova alternativa de direção para a classe trabalhadora.

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