Durante o Elac, foi aprovado um manifesto da juventude. O texto é expressão da reorganização do movimento também entre os jovens e de sua participação fundamental nas lutas que crescem no continente. Abaixo, reproduzimos o manifesto na íntegra.Encontro Latino Americano e Caribenho dos Trabalhadores
Manifesto da Juventude

Durante os anos 90, a ofensiva recolonizadora do imperialismo, através da implementação de planos neoliberais nos países da América Latina e através das ocupações militares em vários pontos do planeta, atacou os trabalhadores e a juventude aprofundando a precarização do trabalho, a fome e as penúrias do povo. Sucederam-se, assim, as privatizações dos serviços do Estado e de setores do transporte, reduzindo a qualidade para os mesmos trabalhadores e camadas mais pobres da sociedade.

A juventude vem resistindo às medidas do imperialismo se colocando junto aos trabalhadores em defesa dos direitos elementares do povo, protagonizando grandes lutas, estas que obtêm um salto de qualidade a partir do aprofundamento das crises do capitalismo em fins da década de 90.

No início do século XXI, acontecem grandes mobilizações contra os governos e o sistema, como o argentinaço, a revolução das águas na Bolívia, a resistência ao golpe imperialista na Venezuela e as demais outras lutas populares em outros países, que caracterizam uma mudança na correlação de forças, em que os trabalhadores se enfrentam com os planos imperialistas e em alguns casos conseguem derrotá-los.

Quando se fala da Educação, como resultado da ofensiva neoliberal uma grande parte dos jovens na América Latina não tem acesso ao Ensino Básico e Universitário, por exemplo, apenas 1% dos jovens no Equador chegam à Universidade e no Paraguai, apenas 3%. Isso é conseqüência do modelo neoliberal que retira do Estado a responsabilidade de financiamento da Educação Pública, gratuita e de qualidade e em seu lugar entra a ingerência de setores privados, que não respeitam a democracia e autonomia do sistema educativo.

A partir dos anos 2000, aproximadamente, se sucederam lutas colossais, em resposta à mercantilização e às reformas educativas, como a revolução dos pingüins no Chile, o processo de Oaxaca, as ocupações de Reitoria no Brasil, entre outros. Neste processo de lutas a juventude vive um processo de reorganização que, em alguns países, se passa por fora das direções tradicionais, que por sua vez, facilitam a implementação dos planos neoliberais.

A juventude reuniu-se no Encontro Latino Americano e Caribenho de trabalhadores (ELAC), frente à necessidade de unificar e se solidarizar com as lutas da juventude e dos trabalhadores de todos os países, em defesa do emprego, da Educação, do direito à alimentação e contra os ataques neoliberais, como na Costa Rica em sua luta contra aplicação do TLC (Tratado de Livre Comércio).

Chamamos aos setores da juventude operária, camponesa e estudantil a debater a necessidade de construir um plano de lutas em comum em todos os países, para enfrentar os planos do imperialismo e triunfar em cada um desses países. Para isso, achamos necessária a construção de um Encontro através do debate em cada escola e universidade dos países da América Latina para unificação das lutas e construção de um plano de lutas em conjunto.

Betim, 8 de julho de 2008