A cara nova do velho regime

Militar que comandará o país era conhecido como o poodle de MubarakO ditador Hosni Mubarak e seu vice Omar Suleiman caíram, mas o regime continua de pé. Prova disso é o homem escolhido pelo governo para substituir o ditador egípcio. Ao passar o poder ao Conselho Supremo Militar, Mubarak pôs no comando o ministro da Defesa do país, Mohamed Hussein Tantawi, um general de 75 anos visto como leal ao agora ex-ditador, a ponto de ser conhecido como “o poodle de Mubarak”.

Ministro desde 1991, Tantawi também é visto como homem de confiança dos Estados Unidos. A agência de notícias Reuters revela que esteve em contato direto com o secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, construindo a saída de Mubarak do poder nessas últimas semanas.

Tantawi é reconhecido pelos próprios EUA como um dirigente de perfil extremamente conservador. Sua escolha para dirigir o país sinaliza uma transição controlada pelo imperialismo e pelo próprio regime do ex-ditador, alicerçada pelas Forças Armadas que, no Egito, fazem parte da burguesia local. Acredita-se que a instituição controle de 30% a 40% da economia, através das empresas que generais e demais membros de alta patente possuem.

O Exército chegou a endossar o pronunciamento de Mubarak realizado nesse dia 10, quando o então ditador se recusou a deixar o poder. Durante as mobilizações, às 12h, a cúpula das Forças Armadas emitiu um comunicado conclamando o povo a voltar para casa. Além disso, é acusado de inúmeras torturas e abusos contra o povo egípcio durante o levante.

Apesar do alívio com a saída de Mubarak e do justo sentimento de vitória, a saída para uma junta militar é a continuidade do regime de opressão da ditadura Mubarak, assim como a continuidade de uma vida de pobreza e desemprego para a população egípcia. O coro de “civil, civil, não militar”, entoado pela multidão na Praça Tahir durante o pronunciamento do ditador, pode indicar que a revolução não terminou com Mubarak.