Nas semanas anteriores, quando corriam boatos sobre as possíveis mudanças nos ministérios, Lula desmentiu publicamente comentários de que Luiz Gushiken perderia o cargo de ministro das Comunicações. Entretanto, Gushiken não conseguiu dar respostas convincentes sobre os lucros exorbitantes que a empresa da qual era dono, a Globalprev, teve durante o governo Lula.

Com as denúncias, para não dizer que destituiu Gushiken de seu cargo, o presidente Lula resolveu tirar o status de ministério da Secretaria de Comunicação, subordinando-a à Casa Civil do Planalto, comandada agora por Dilma Rousseff. E essa é apenas uma parte da reforma ministerial, que está sendo feita aos pedaços para socorrer a crise do governo petista.

Assim como a Secom, a secretaria de Direitos Humanos também perdeu status de ministério e passa a ser subordinada ao Ministério da Justiça. Nilmário Miranda, que comandava a secretaria de Direitos Humanos, deixou o cargo, com a alegação de que vai disputar as eleições de 2006. Essa foi a principal alegação daqueles que foram afastados de seus cargos nos ministérios nesse período de crise política.

Por outro lado, Lula resolveu criar a Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e Relações Institucionais, que é uma fusão do chamado “conselhão”, instância que reúne empresários e entidades sindicais, com a Secretaria de Coordenação Política, que era comandada por Aldo Rebelo. A nova secretaria ficará sob a responsabilidade de Jaques Wagner e terá status de ministério.

Outro que perde o cargo de ministro é o deputado Eduardo Campos, que estava com a pasta da Ciência e Tecnologia. Esta será assumida por Sérgio Resende, presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Também deverá deixar o cargo no ministério da Previdência o senador Romero Jucá, que ainda não tem substituto anunciado. A saída também está ligada à crise e às denúncias de corrupção, já que Jucá também é alvo de denúncias e está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal.

Por outro lado, os novos ministros que estão sendo indicados não representam alterações na política do governo. E os ministros que saem, por sua vez, não ficarão desprotegidos, pois sendo deputados e senadores, contam com a imunidade e serão julgados por uma CPI pouco confiável.

As alterações nos ministérios que já foram feitas e que ainda serão anunciadas até a próxima semana apenas buscam maquiar o governo, cortando as cabeças dos principais envolvidos e substituindo por outros que seguirão implementando a mesma política neoliberal, tentando garantir a governabilidade e a blindagem de Lula. Tais mudanças são, portanto, muito superficiais para reverter o descontentamento e a insatisfação da população com o governo e o congresso.