No último dia 14, em assembléia geral do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato), dez mil professores e funcionários das escolas estaduais decidiram que a categoria deveria paralisar suas atividades por aumento de salário e, principalmente, em defesa dos seus planos de carreira, que estão sob ataque do governo de Yeda Crusius (PSDB).

Após a assembléia, a multidão de trabalhadores saiu em caminhada em direção ao Palácio Piratini, sede do governo do Estado, acompanhada pelos helicópteros da Brigada Militar. Mas nem isso desmobilizou a categoria.

Representantes da Conlutas, Intersindical, CUT, CTB e da Coordenação dos Movimentos Sociais subiram ao carro de som para saudar o grande ato.

Vera Guasso, da Conlutas, lembrou os R$ 160 bilhões entregues pelo governo Lula aos banqueiros. “Essa é uma luta contra o capital e é uma luta de todos os dias. Chega dos trabalhadores pagarem a conta”, frisou.

O movimento, que começou com a adesão de 70% da categoria, alcançou uma importante vitória ao forçar o governo a retirar do regime de urgência da Assembléia Legislativa o projeto que cria um piso regional. O piso descaracteriza a lei federal que criou o Piso Salarial Nacional e ainda ameaça os planos de carreira dos professores e funcionários.

Orlando Marcelino da Silva Filho, militante do PSTU e membro da direção estadual do Cpers/Sindicato, explica que “o projeto de R$ 950 proposto pelo governo não é básico, pois considera todas as vantagens da carreira. Já o piso nacional, em janeiro de 2010, terá que ser aplicado como básico da carreira, incidindo sobre ele todas as vantagens”.

O governo Yeda, conhecido por sua truculência contra os movimentos sociais, diante do prosseguimento da greve, reagiu com a decisão de descontar os dias parados dos professores e funcionários. Segundo Orlando, “isso é ilegal e se baseia em um decreto da governadora, que vai contra uma lei estadual aprovada em 1994”. Mesmo assim, essa medida provocou um refluxo do movimento e há escolas voltando às aulas.
Por outro lado, diante da força da paralisação, a Assembléia Legislativa assumiu o compromisso de não votar o projeto do Governo antes do início do próximo ano letivo, em março de 2009.

Nos próximos dias, o Cpers deve realizar uma nova assembléia para avaliar os rumos do movimento e decidir pela continuidade ou não da greve. Para Régis Ethur, militante do PSTU e membro da direção estadual do Cpers, “de qualquer maneira, conseguimos um grande avanço ao tirar a categoria do marasmo e alcançarmos importantes vitórias parciais. Isso já marca uma diferença brutal com o período anterior, em que acumulávamos derrotas”.

Post author Nanda Isele, de Porto Alegre (RS) e Rodrigo Pimentel, de Passo Fundo (RS)
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