PSTU – Rio de Janeiro

No dia 23/5, por meio de uma decisão do juiz Sérgio Ribeiro de Souza, a justiça impôs ao governo estadual e as prefeituras no estado do Rio de Janeiro aquilo que deveria ser uma prioridade desde o início: que os governos garantam alimentação para a totalidade dos estudantes da rede. Esta decisão é azeda como um limão para o governador Witzel (PSC), que não quer gastar verbas públicas com as necessidades dos trabalhadores, mas o governo não tardou a fazer dela uma limonada. Alegando não ter verbas para acatar a decisão, que indica a distribuição de cestas básicas ou transferência de renda para a comunidade escolar, o secretário estadual de educação Pedro Fernandes ameaçou abrir os refeitórios das escolas. É uma atitude oportunista para avançar na flexibilização da quarentena e que atende às pressões do mercado a custa da vida de profissionais da educação, estudantes e famílias.

Por mais criminosa que seja tal política, em pleno auge da pandemia, ela não é surpresa vinda desse governo. Cabe lembrar que Witzel defendeu “atirar na cabecinha” dos mais pobres e participou pessoalmente de uma operação em um helicóptero da polícia militar que realizava disparos direcionados as favelas. Seu governo ostenta o recorde de mortes por operações policiais na história do estado, com um crescimento de 18% de 2018 para 2019. Para matar negros e pobres nas favelas, Witzel não faz distinção entre usar as balas ou o vírus. Sua aparente polarização com Bolsonaro, que chega às raias da baixaria verbal, mostra agora ser falsa. Para eles, só o que importa é a reabertura das atividades econômicas para a retomada da produção, da exploração do trabalho e dos lucros. Isto explica porque, desde o início, a quarentena no Rio foi parcial, com diversos setores não essenciais funcionando normalmente.

Mas esta política de horror, expressa por estes dois genocidas, o federal e o estadual, não se limita a eles somente. Bolsonaro e Witzel são, de fato, as figuras mais torpes, que expressam publicamente seu ódio a negros e pobres. Porém, o essencial para estes dois governantes, é o lucro em vez da vida e a grande burguesia acima de todos. Esta política que é essencial também para os demais governos e o grande empresariado, tanto no Brasil quanto no mundo. Na Itália, a política do negacionismo multiplicou os óbitos relacionados ao novo coronavírus. Na França, o relaxamento precipitado da quarentena provocou a retomada das mortes pela covid-19. Nos Estados Unidos, a grande parcela da população que não possui plano de saúde privado ficou a mercê da sorte para não morrer, enquanto que a General Motors alcançou lucros exorbitantes com a produção de respiradores em contrato com Trump.

O secretário Pedro Fernandes mente para população

O secretário mente ao dizer que não ter verba para garantir comida para os mais pobres, os alunos, suas famílias e outros setores da classe trabalhadora. Basta suspender o pagamento da dívida pública ou cobrar as dívidas das grandes empresas com o governo estadual. Isso garantirá as condições para a quarentena plena para os trabalhadores, com a garantia de empregos e salários. Garantirá, também, as cestas básicas e a suspensão da cobrança das tarifas de água, luz, telefone e do aluguel. Assim como o pagamento dos salários nas pequenas empresas fechadas neste período. Com estes bilhões de reais que vão para os ricos podem-se criar vagas para todos que necessitam de leitos de UTI, equipamentos e EPIs para todo o estado. Precisamos avançar na auto-organização dos trabalhadores em seus bairros, escolas e fábricas e impulsionar as iniciativas neste sentido, que estão surgindo para impor aos governos estas necessidades urgentes, a necessidade de ficarmos vivos! Precisamos botar para fora já Bolsonaro e Mourão e derrotar o governo Witzel e sua política assassina!