O descaso dos governos – municipais, estaduais ou federal – com a educação é alarmante. Escolas em condições precárias, salas de aula superlotadas, baixos salários para os que nela trabalham e jornadas estafantes. Essa é a triste realidade das escolas públicas no Brasil. Não é por acaso que nosso país ostenta, em pleno século 21, índices inaceitáveis: mais de 14 milhões de analfabetos absolutos e 29,5 milhões de analfabetos funcionais (PNAD/2009/IBGE).

Já no ensino superior, a realidade também não é muito diferente. Faltam professores e funcionários. Também faltam vagas nas universidades públicas, enquanto o governo envia dinheiro público para as faculdades privadas.
Quem perde com isso, além dos trabalhadores em educação, são os estudantes e principalmente a população trabalhadora que tem seus filhos na escola pública. É preciso dar uma basta a esta situação!

Uma grande campanha deve tomar o país nestas semanas. É a campanha pela aplicação dos 10% do PIB (soma de toda riqueza produzida no país) na educação, já. Isso significaria aplicar R$ 367 bilhões na escola pública e nada desse dinheiro para os tubarões do ensino privado ou para pagar a dívida pública, que só engorda os bolsos dos banqueiros e agiotas.

A campanha em defesa dos 10% do PIB, já, para a educação pública também é a oportunidade dos trabalhadores em educação de todo o Brasil se unirem cobrando dos governantes e dos parlamentares medidas imediatas. Segundo o próprio MEC (Ministério da Educação), para igualar o salário do professor ao salário médio de um profissional com o mesmo grau de escolaridade seria preciso um reajuste de 60% nos salários do magistério. Isso equivaleria a 0,86% do PIB.
Vamos unir os homens e as mulheres que trabalham na educação, os e as estudantes, os pais, enfim, toda a classe trabalhadora que precisa de uma educação pública de qualidade. Por isso, os professores já podem preparar e realizar aulas sobre o tema: Valorize a educação: 10% do PIB, já! E ainda desenvolver um trabalho com oficinas sobre os 10% do PIB.

Vamos levar este debate a cada local de trabalho, a cada escola, a cada cidade e comunidade deste país. Vamos debater o tema com a população.

Plebiscito para decidir o futuro da educação
Diversas entidades, organizadas no Comitê Nacional da Campanha, estão propondo a realização de um Plebiscito Nacional cujo tema será a aprovação no orçamento do governo de 10% do PIB para a educação pública. A iniciativa vai ocorrer durante o mês de novembro.

Quem deve decidir sobre os 10% do PIB para a educação pública é a população brasileira. São os que dependem da educação pública para formar seus filhos, os profissionais que nela trabalham e os estudantes. Esta decisão não pode apenas ficar nas mãos dos parlamentares, majoritariamente compromissados com o grande capital.
O plebiscito também será uma ótima oportunidade para organizar palestras, atos públicos, saraus, mostras dos trabalhos produzidos pela comunidade escolar, etc. É importante organizar reuniões nos locais de trabalho e nos bairros com a presença de pais e a comunidade interessada. Os estudantes também podem realizar plenárias de grêmios e centros acadêmicos para discutir os 10% do PIB.

Como diz o poema de Drummond, “o presente é tão grande, não nos afastemos, vamos de mãos dadas”. E o presente é essa hora de somar forças, unir a todos e a todas de norte a sul, do leste ao oeste. 10% do PIB para a educação pública, já!
Post author Mauro Puerro, de São Paulo
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