Trabalhadores da educação em diversos estados estão cruzando os braços e indo à luta em defesa dos salários e condições de ensino. Além dos professores da rede estadual paulista, parados desde 8 de março, os trabalhadores do magistério de Belo Horizonte (MG) também entraram em greve a partir do dia 18.

Enquanto fechávamos essa edição, os professores da rede estadual do Rio preparavam uma paralisação e um grande ato da campanha salarial. Os professores denunciam o arrocho de 60% dos salários nos últimos 10 anos.

Repressão
No estado, os professores da rede pública reivindicam 34% de reposição (perdas desde 1998), a abertura de concurso para efetivação dos docentes (hoje quase metade dos 220 mil professores é temporária), além da limitação do número de alunos por sala.
O governo de José Serra (PSDB) se mantém intransigente, recusando-se a negociar. O governo paulista nem mesmo reconhece o movimento, afirmando que a adesão da paralisação chega a apenas 1%, mentira também difundida pela imprensa.

As manifestações massivas, no entanto, desmentem essa versão. Os professores realizaram dois atos na Avenida Paulista, reunindo, respectivamente, 40 e 60 mil docentes, segundo a Apeoesp, principal sindicato da categoria. No último dia 26, embaixo de chuva, 20 mil tentaram fazer uma manifestação próxima ao Palácio dos Bandeirantes, mas foram duramente reprimidos pela polícia.

“A polícia começou a bater, espirrar gás de pimenta e atirar com balas de borracha e bombas de gás”, relata a professora Letícia Rabello, atingida com estilhaços de bomba de efeito moral. Os docentes, porém, não se intimidaram e mantiveram a greve.

Greve em BH
Na capital mineira, assim como ocorre em São Paulo, os servidores da Educação sofrem com os baixos salários e a política de bônus por mérito do prefeito Márcio Lacerda (PSB). Os trabalhadores denunciam que, nos últimos anos, as perdas salariais da categoria ultrapassam os 22%. Os educadores são vítimas ainda de doen­ças provocadas pela extenuante jornada.

Os servidores decidiram cruzar os braços no dia 18, mas até agora o prefeito se recusa a negociar. No dia 23, a categoria fez uma grande manifestação que reuniu, segundo a própria polícia, 1.500 pessoas nas ruas de Belo Horizonte. Os docentes do magistério estadual também podem se juntar à greve, tendo indicativo para parar no dia 8 de abril.

Política de Serra segue a de Lula
Em São Paulo, a corrente petista Articulação, direção majoritária da Apeoesp, concentra seus discursos no ataque ao governo Serra. A verdade, porém, é que a política educacional aplicada pelo governo de São Paulo segue as diretrizes traçadas pelo governo Federal. “Temos que atacar sim o Serra, mas não podemos esquecer que o que Serra faz aqui segue o que o governo Lula implementa na área” afirma João Zafalão, diretor do sindicato pela Oposição Alternativa.

“As 10 metas da Educação de Serra, com a política de bonificação por mérito e avaliação de desempenho, é uma cópia fiel do Plano de Desenvolvimento da Edeucação do governo Lula”, explica Zafalão. “Nesse sentido, a política de Lula, do ministro da Educação Haddad, de Serra e do Secretário da Educação, Paulo Renato, é a mesma”.
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