No dia 13 de maio, os trabalhadores e trabalhadoras da Educação reuniram-se em assembléia e votaram a rejeição dos 5,5% de reajuste anunciado pelo governo Wellington Dias (PT), deflagrando uma greve por tempo indeterminado. Eles exigem 39% de reajuste, referente às perdas salariais dos últimos oito anos, e a melhoria da qualidade e estrutura das escolas públicas estaduais.

A situação dos trabalhadores em educação tornou-se insustentável. A necessidade da greve vinha sendo sentida há muito tempo pela categoria, que percebe, a cada mês, a perda do poder de compra dos salários. A inflação em Teresina medida pela fundação SEPRO chegou aos 6% em 2007. Isso se reflete diretamente na prateleira do supermercado, quando os salários dos professores estão longe de comprar todos os gêneros de primeiras necessidades. Pra se ter uma idéia, o professor inicial, com 20h, recebe um vencimento bruto de R$ 560 na rede pública estadual. A hora-aula na rede está em média custando cerca de R$ 4,62. O governo do PT patrocina um arrocho salarial semelhante ou pior que os governos de direita.

É importante lembrar que o governo petista ainda em 2006 congelou ou desvinculou todas as vantagens na remuneração da categoria, principalmente o adicional por tempo de serviço e regência de classe que era de 40% sobre o vencimento básico. Tudo isso levou com que o estatuto do magistério conquistado há 20 anos fosse substituído por um plano de carreira sem ganho algum.

Além disso, há a precarização do trabalho docente, imposta pelos governos. Para sobreviver, boa parte dos professores busca outras redes, municipais ou privadas, para completar a renda. Outros, completamente desanimados ou vítimas da síndrome de Burnout ou outras doenças, desistem do trabalho e abandonam a profissão. Cerca de 40% dos profissionais da educação estadual têm relações de trabalho precarizadas, os conhecidos temporários. A instabilidade e a insegurança provocam desmotivação entre estes, pois além do contrato de dois anos, não têm os mesmos direitos dos efetivos.

Disposição de luta
A categoria de trabalhadores da educação básica, composta por 40 mil entre efetivos e temporários, tornou-se uma das mais influentes e mais bem organizadas do estado com cerca de 27 regionais e 22 mil filiados. Apesar de a direção governista do SINTE-PI (PSB e Articulação Sindical) impor todos os obstáculos ao movimento, a categoria aderiu à greve entendendo que somente com muita luta será possível barrar o arrocho salarial. Nesta terça, dia 20 de maio, acontecerá uma grande passeata pelas ruas da cidade para pressionar o governo.

Os estudantes também têm apoiado a luta dos professores, tendo comparecido massivamente na assembléia do dia 15. O que toca a sensibilidade dos estudantes é a estrutura precária das escolas. Na maioria delas não existe laboratórios, bibliotecas, quadra de esporte, entre várias outros itens necessários para um ensino de qualidade. Como parte fundamental das reivindicações estão essas bandeiras, que possibilitam unificar trabalhadores e estudantes.