Enquanto escândalo atinge Legislativo e Executivo do estado, professores saem às ruas para exigir salários dignosSob o forte calor do extremo norte do Brasil, os professores da rede estadual saem às ruas. Na semana que passou foi feito três dias de paralisação para chamar a atenção do caos vivido na rede educacional. Assim como nos vários estados do Brasil, os trabalhadores em educação respondem com luta ao plano de arrocho do Governo Camilo (PSB/PT).

O intransigente governo PSB, pressionado pela paralisação enviou uma proposta de reajuste de 13% aos professores, proposta essa massivamente rejeitada pela categoria, que exige um reajuste de 33,7%, percentual necessário para se atingir o Piso Nacional salarial. Hoje um professor em início de carreira no Amapá recebe míseros R$1.085 reais.

Mas não apenas isso, ainda impera nas escolas verdadeiras ditaduras. O governo PSB/PT indica entre seus pares aqueles que irão dirigir as escolas. Isso tem gerado os mais diversos tipos de abusos por parte do governo.
Mas dessa vez é diferente, existe um sentimento de revolta. No estado surgiram vários escândalos, tanto na Assembleia Legislativa quanto no Executivo. Os deputados do Amapá recebem R$100 mil mensais de verba indenizatória, a maior do Brasil e o governador Camilo sendo investigado pela PF por suas 35 contas bancárias. Tudo isso, tem gerado um grande sentimento de revolta na população, e agora a educação sai às ruas para traduzir esse sentimento em mobilização.

Nos dias 11, 12 e 13 de abril os professores cruzaram os braços e no, último dia da paralisação, fizeram uma assembléia para avaliar a proposta de 13% do governo e deliberar pelo rumo do movimento. A categoria decidiu decretar estado de greve e fazer nova assembleia na segunda, dia 16, para avaliar nova proposta apresentada nesse dia 14 de abril, em nova rodada de negociação. Nessa última rodada que ocorreu ontem e será discutida na próxima assembléia o Governo do estado apresentou um percentual de 15%.

“Mas não é apenas isso, estamos completamente abandonados, os professores estudam, fazem graduação, mestrado ou mesmo doutorado e ainda sim não tem tido a garantia da promoção funcional previsto em seu plano de cargos e salários” afirma o professor Otávio, diretor de política e formação sindical do SINSEPEAP (Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá) e militante da CSP-Conlutas. Há outra demanda urgente, a estruturação do centro de atendimento psicosocial tendo em vista a grande demanda de professores doentes, acometidos por graves transtornos mentais em virtude do caos vivido nas escolas.

Enfim, o SINSEPEAP apresentou uma extensa pauta com exatos 22 itens, mas infelizmente o governos não aponta com sequer uma vírgula daquilo que exigimos, por isso, estaremos intensificando a mobilização para fazer uma forte greve na rede estadual.

A exemplo do ano passando quando a categoria fez quase um mês de greve e várias outras categorias se somaram, também agora a mobilização dos professores tem servido de exemplo para o conjunto do funcionalismo amapaense, os trabalhadores da saúde também tem indicativo de greve para essa semana. Por isso defendemos:

  • Aplicação do piso nacional salarial, rumo ao piso do DIEESE;
  • Em defesa da eleição direta para diretores de escola;
  • Em defesa da carreira docente;
  • Por mais construção de escolas;
  • Por melhores condições de trabalho;
  • Em defesa de 10% do PIB para a educação pública, já!

    Almir Brito é diretor do SINSEPEAP e militante da CSP-Conlutas e PSTU