Foto Prefeitura/RJ

Depois de quatro anos da catastrófica gestão Crivella, que atacou duramente os direitos da classe trabalhadora, em especial o acesso à saúde, muitos cariocas tinham a esperança de que, com Eduardo Paes, a situação poderia ser diferente. Nem completou um mês de governo, e a realidade provou o contrário.

Pandemia fora de controle. Não adianta rezar para São Sebastião, tem de decretar lockdown!

Enquanto o governo negacionista de Bolsonaro só gera mais boicotes e atrasos no calendário de vacinação, as declarações do prefeito são totalmente contraditórias com as ações. Por um lado, vem afirmando, desde a campanha eleitoral, que o combate à pandemia seria a prioridade de seu governo.  No entanto, até o momento, nenhuma medida que sirva para conter o alastramento do vírus foi tomada. Sabemos que a única medida capaz de fazer isso é o isolamento social, porém Paes segue afirmando que não haverá lockdown no Rio de Janeiro. Está fazendo toda uma campanha para o retorno às aulas presenciais na rede municipal, com “biossegurança”. Em 12 de janeiro, em pronunciamento no Instagram, o mesmo voltou a dizer que não fecharia qualquer estabelecimento comercial na cidade, pois isso acarretaria “prejuízos econômicos”. No dia de São Sebastião, “rezou” para acelerar a vacina e afirmou que, neste momento, não há nem “cheiro” de lockdown. Ou seja, o prefeito está totalmente alinhado ao discurso de Bolsonaro, o de que não há nada que se possa fazer para conter o contágio e que devemos deixar tudo aberto, com comércio e transportes públicos lotados, morra quem morrer.

Até o momento, a única medida que foi realizada em relação ao combate da COVID foi a abertura de mais leitos. Porém, se por um lado essa medida garante atendimento para um número maior de pessoas, não tem nenhum impacto sobre o alastramento da doença, além de ter um limite. Tanto é que a cidade acumula 15 dias seguidos de aumento da média móvel de casos e mortes, e neste dia 21 de janeiro, o site oficial da prefeitura demonstrava que não havia nenhum leito vago de enfermaria ou CTI voltados ao atendimento da COVID na rede pública da cidade.

Vacinação Fake

O “início” da vacinação na cidade foi anunciado numa festa digna de carnaval carioca. A prefeitura montou um show midiático para vacinar duas pessoas no Cristo Redentor, no dia 18. Porém, desde então, muito pouco foi feito.

Por responsabilidade do governo Bolsonaro, o quantitativo de doses é totalmente insuficiente, somando apenas 110 mil doses, numa cidade de quase 7 milhões de habitantes. No dia 20 de janeiro, iniciou-se a vacinação dos profissionais de saúde e idosos que se encontram em asilos, mas essa medida não teve nenhuma continuidade. Os profissionais das clínicas da família e dos Centros Municipais de Saúde que, por algum motivo, não puderam se vacinar nesta quarta (como os que estavam em plantão em outro local, por exemplo) tiveram seu direito à vacinação perdido, mesmo que atuem diretamente no enfrentamento à COVID. A prefeitura mandou recolher as doses que ficaram nessas unidades, sem nenhuma transparência sobre quem irá recebê-las, desrespeitando o cronograma de vacinação que a própria prefeitura elaborou.

Diante do baixo número de doses existente, a prefeitura já anunciou que estuda aplicar, neste momento, apenas a 1ª dose da vacina, deixando a 2ª para uma incerta segunda remessa. Mas o problema é que os estudos realizados não permitem concluir que a vacina terá eficácia, caso o tempo entre a primeira e a segunda doses seja superior há 4 semanas. Ou seja, existe o risco que as doses aplicadas, até agora, tenham sido em vão, num momento em que temos grande escassez.

Profissionais de saúde no limite

Além disso, a prefeitura de Eduardo Paes deu continuidade à prática de desrespeito aos profissionais de saúde implantada por Crivella. As unidades seguem funcionando em condições precárias, sem materiais e medicamentos. Até o momento, a prefeitura ainda não pagou o 13º dos trabalhadores, além de ter atraso de meses de salário dos funcionários terceirizados da limpeza e portaria.

A isso se soma a estressante carga de trabalho que enfrentam. Mesmo com o crescimento exponencial dos atendimentos de COVID, a prefeitura insiste em manter os atendimentos de “rotina”, sobrecarregando os trabalhadores e expondo usuários ao risco de contaminação.

Também, nos primeiros dias de gestão, já foi publicado em Diário Oficial o retorno das OS’s para administração das unidades básicas de saúde. Isso gera mais incertezas aos trabalhadores sobre o pagamento dos atrasos, rescisões contratuais, além de deixar, por mais um ano, os trabalhadores sem o direito de gozar férias. Além disso, o mais grave é o fato de que a prefeitura volta a deixar a verba da saúde nas mãos de entidades privadas, muitas delas envolvidas em esquemas de corrupção, como o que está no centro do impeachment de Witzel. Até agora, a prefeitura não apresentou nenhum justificativa para tal ação.

Nenhuma confiança no governo Paes. Fora Bolsonaro e Mourão e já!

Infelizmente, em menos de um mês, Eduardo Paes já mostrou de que lado está. Governa para os empresários, mesmo que, para isso, tenha de entregar a vida da população pobre dessa cidade. Apenas a organização independente dos trabalhadores pode mudar essa situação. Precisamos, junto com a urgente derrubada do governo genocida de Bolsonaro, exigir de Paes medidas reais de combate à pandemia.

– Vacinação em massa já!

Lockdown com garantia de renda e emprego!

– Valorização dos trabalhadores da saúde! Chega de atrasos salariais!

– Fora OSs da saúde!

– Retorno às aulas somente após a vacinação de toda comunidade escolar!

– Não à taxação e ataques aos servidores públicos!