Agosto sempre foi conhecido como o mês do cachorro louco. Não tão antigamente assim, essa fama de agosto assombrava muitas crianças e também muita gente que acreditava ser esse o mês em que era mais provável encontrar cachorros com raiva pelas ruas.

Outras crenças e outras explicações falam de que agosto é conhecido dessa maneira por ter sido um mês de eventos históricos catastróficos. O começo da Primeira Guerra Mundial foi em 1° de agosto de 1914. Em 6 e 9 de agosto, os EUA jogaram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. No dia 2 de agosto de 1934, Hitler se tornou chefe de Estado na Alemanha. O suicídio de Getúlio Vargas aconteceu no dia 24 de agosto de 1954. E por aí vai.

 Este agosto no Brasil, porém, está deixando até cachorro louco de orelha em pé. Tem muita coisa rolando ao mesmo tempo. Tanta coisa que tudo parece se arrastar, empurrando qualquer desenlace para o outro mês. Entre os debaixo, nas fábricas, na periferia, nas ruas, o desemprego, a inflação e o arrocho salarial mantêm acesas as tochas da indignação, a revolta e o apoio majoritário ao “Fora todos eles!”: fora Temer, Dilma, Aécio, Cunha, Feliciano e agora, fora Neymar… As Olimpíadas, marcadas pela exclusão, pela exploração e pela corrupção, também são uma distração.

Se os políticos não nos representam, com certeza Marta e a seleção feminina de futebol receberiam um unânime “me representam”. O ouro de Rafaela Silva, menina negra da Cidade de Deus, com certeza também representa e emociona, embora as Redes Globos da vida e o sistema queiram distorcer a seu favor essa conquista. Já a seleção de futebol masculina, com seus jogadores de contratos milionários, decepciona e revolta, como Temer, Dilma, Cunha… A arquibancada é “Fora Temer”, mas não pede a volta de Dilma. A maioria quer eleições gerais já.

Tirando a distração das Olimpíadas, corre em paralelo o desenrolar do impeachment no Senado, que deve ser votado definitivamente no final do mês. Aqui, a novidade é que a direção do PT já abandonou o “volta Dilma” para melhor adotar o “volta Lula em 2018”.

A narrativa do golpe ficou apenas nas mãos da Frente Povo Sem Medo, do MST, da CUT e de parte da chamada esquerda do PT, além da direção do PSOL. Isso ficou claro com a declaração do presidente do PT, Rui Falcão, que pelo jeito resolveu também dar um golpe na Dilma. Ele entrou numa bola dividida desautorizando o discurso do “volta Dilma” e ainda disse que não vê “nenhuma viabilidade para esse tipo de proposta” de plebiscito para chamar novas eleições.

 Falcão assumiu o que a gente já sabia: o próprio PT jogou a toalha sobre o mandato da Dilma. A narrativa do golpe sempre foi uma política visando, de fato, resgatar o PT para as eleições de 2018.

Enquanto isso, Temer, que é um governo fraco sem o menor apoio popular, espera virar presidente de vez para tentar fazer o que banqueiros internacionais, multinacionais e grandes empresários e banqueiros nacionais querem: atacar ainda mais a classe trabalhadora para garantir ainda mais lucros para os ricos. Temer promete fazer o ajuste fiscal necessário e impopular assim que deixar de ser presidente interino. Enquanto isso, toca a bola à maneira da seleção masculina de futebol.

Em agosto, também haverá muita luta. O dia 16 de agosto será o Dia Nacional de Lutas e Mobilizações convocado por todas as centrais sindicais contra o desemprego, a inflação e as reformas da Previdência e trabalhista que Temer está prometendo. Nessa data, acontecerão várias paralisações e manifestações.

No mesmo dia 16, começa também a campanha para as eleições municipais. Uma eleição que será realizada em meio às muitas lutas e greves que estão acontecendo país afora. Os trabalhadores e lutadores devem jogar pesado para realizar um forte dia de luta no dia 16, rumo à construção da greve geral. A CSP- -Conlutas está orientando ações nas bases das categorias, paralisações, mobilização forte do movimento popular, da juventude, de negros, mulheres e LGBT’s.

O PSTU estará na linha de frente da construção dessa luta. Os candidatos do PSTU, junto com toda a militância do partido, como não poderia deixar de ser, estarão nesse primeiro dia de campanha eleitoral na base, na luta e nos piquetes. E estarão defendendo a construção de uma greve geral para derrubar os planos de ajuste, botar para fora Temer e todos eles! Vamos exigir eleições gerais já com novas regras. Para mudar tudo isso que está aí, precisamos de um governo socialista dos trabalhadores, formado por Conselhos Populares.

Fora Temer, fora todos eles! Medalha de ouro para a luta da classe trabalhadora!