Redação

São 100 mil mortes em cinco meses, contando apenas os casos notificados. Essa é, de longe, a maior mortandade ocorrida no Brasil. No ritmo atual de mortes, em menos de três meses chegaremos às 200 mil vítimas fatais, e não é possível prever aonde isso vai parar. Além do descaso, há o deboche: o presidente da morte manda a população “tocar a vida”.

Bilionários mandam nos políticos

A revista Forbes mostrou que 42 bilionários brasileiros enriqueceram ainda mais durante a pandemia. Cerca de 100 empresas controlam mais de 70% de tudo o que é produzido. Os super-ricos são cerca de 1% da população brasileira, donos das grandes empresas e dos bancos. Eles mandam nos governos e nos políticos.

No início da pandemia, um setor desses super-ricos achava que algum isolamento social poderia ser mais vantajoso para os lucros. Depois, mudaram de opinião. Por isso, hoje não há diferença entre Bolsonaro, governadores, prefeitos e Congresso Nacional. Enviam, sem dó, a população para o abatedouro.

Corpo mole com autoritarismo e o “Fica Bolsonaro”

Ameaçado pela prisão de Queiroz, Bolsonaro caiu nos braços do centrão e baixou o tom das ameaças golpistas. Os super-ricos, que começavam a debandar, voltaram a sustentá-lo.

Em campanha eleitoral para 2022, Bolsonaro viu sua popularidade parar de cair por uma combinação de fatores: o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600; a diminuição de suas ameaças golpistas (que continuaram na surdina); e a ausência de uma oposição para valer. A oposição também contribui para manter sua popularidade, seja a oposição diretamente burguesa como Maia, Doria e Ciro Gomes, seja a de colaboração de classes, como PT, PCdoB e PSOL.

Oposição não confronta bilionários e sistema capitalista

Ainda que alguns partidos defendam formalmente o “Fora Bolsonaro”, não atuam de forma condizente com isso. É verdade que há um fator contraditório na pandemia e no desemprego do ponto de vista objetivo. Ambos desnudam e desequilibram o sistema. Por outro lado, a pandemia tende a coibir manifestações de rua massivas, e o desemprego dificulta a generalização de greves isoladas.

A insatisfação, porém, pode se manifestar por outras formas de mobilização. A necessidade é de greve geral e manifestações com distanciamento social, organizadas nos bairros populares. No entanto, essa não é a política das organizações dirigidas pelas burocracias sindicais ou pelos partidos de colaboração de classes, cuja prioridade são as eleições burguesas.

Enquanto isso, governadores e prefeitos do PT e do PCdoB aplicam a mesma política dos demais governadores e prefeitos. Isso é assim porque todos esses partidos (incluindo o PSOL) não confrontam os 42 bilionários e mais algumas centenas deles pra valer.

Contra bilionários, a alternativa é socialista

As necessidades da classe trabalhadora, dos desempregados e da imensa maioria da população brasileira batem de frente com os interesses dos 1% de capitalistas e super-ricos.

A necessidade de isolamento social com garantia de emprego, salário e renda; de impedir a catástrofe econômica e social, garantindo pleno emprego, salários dignos e sobrevivência dos pequenos negócios. A necessidade de acabar com a desigualdade social, garantir investimento massivo para a universalização do saneamento básico e do direito à moradia, bem como o fortalecimento da saúde e da educação públicas, gratuitas e de qualidade. A necessidade de defender a Amazônia e todo o meio ambiente e impedir o genocídio indígena. A necessidade de impedir as privatizações e a entrega do país.

Todas essas necessidades, para serem satisfeitas, exigem que se ponha para fora Bolsonaro antes de 2022 e que se tome medidas corajosas e profundas contra os capitalistas. Nenhuma dessas medidas serão garantidas por instituições e governos do 1% de capitalistas. Nem como foram os governos do PT, que se propunham supostamente a governar para todos sem tocar num fio de cabelo dos capitalistas.

Precisamos de outra forma de sociedade, outro sistema, no qual exista igualdade no lugar de exploração e opressão. O projeto de ditadura de Bolsonaro e a falsa democracia dos ricos que existe hoje são formas de os super-ricos exercerem o seu poder contra a maioria.

Precisamos inaugurar uma democracia de verdade para que sejam os trabalhadores e os de baixo a terem o poder e definirem todos os dias os destinos do país. Precisamos de um governo socialista, operário e popular, que implante essa verdadeira democracia, na qual os trabalhadores governem em Conselhos Populares nos bairros, nas empresas, nas escolas.

Para lutar por esse projeto, precisamos construir uma alternativa socialista e revolucionária, um partido revolucionário, e também construir a auto-organização dos trabalhadores e da juventude desde a base.