Rio de Janeiro - Fuzileiros Navais participam de operação na favela Kelson's, zona norte da cidade (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 549

O governo Temer foi derrotado naquela que era a sua prioridade: a reforma da Previdência. Para mostrar força, resolveu apostar suas fichas na pauta da segurança pública e decretar intervenção militar no Rio de Janeiro. Quer capitalizar, se não para ganhar a Presidência, já que é repudiado, pelo menos para negociar mais adiante a sua não ida para a cadeia junto com sua quadrilha. Isso a custa de maior repressão ao povo pobre do Rio.

O que se vê nesse lance de Temer é ainda uma divisão brutal entre os de cima. Uma hora, a Globo é contra Temer. Agora, faz toda uma cobertura tentando justificar a intervenção. Até o fechamento dessa edição, o governo havia recuado dos absurdos mandados coletivos de busca e apreensão, indício de crise entre eles. Embora o simples fato de cogitarem uma coisa dessas seja algo grave que deve ser fortemente repudiado.

Rio de Janeiro – Fuzileiros Navais participam de operação na favela Kelson’s, zona norte da cidade (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A intervenção no Rio, porém, é mais do que uma jogada eleitoral. Expressa uma crise profunda das instituições. O Rio é um estado falido pelo fim do boom do petróleo e pela crise mundial capitalista, por anos de roubalheira e pela política do MDB (apoiado pela Globo, Lula e Dilma) e que Temer ajudou a acabar de afundar. A mobilização e a ocupação da Assembleia Legislativa (Alerj) no ano passado pelas polícias são reflexo de que o Estado está perdendo o controle das próprias forças de segurança. Além desse descontrole, não está excluída a possibilidade de uma explosão social. O governo quer conter isso, mas há um risco alto que pode levar crise às próprias Forças Armadas.

A intervenção militar é uma medida de exceção, inferior, entretanto, ao estado de sítio e de defesa. O PT, que tanto falou que o impeachment de Dilma era um golpe, agora se abstém no Conselho da República quando ocorre de fato uma medida de exceção. Os líderes do partido na Câmara e no Senado se abstiveram na votação do conselho, embora depois, no Congresso, a bancada tenha denunciado a intervenção.

A intervenção vai significar mais repressão contra o povo pobre, sobretudo contra a juventude negra das comunidades. Junto com ela, virá todo tipo de abuso e de ilegalidade. Apesar do recuo nos mandados coletivos de busca e apreensão, nada impede que o governo lance mão da medida lá na frente.

Vamos seguir organizando os de baixo para continuar lutando por nossos direitos, emprego, condições dignas de vida e contra a repressão ao povo pobre, aos negros e aos lutadores. É preciso seguir lutando pela revogação da reforma trabalhista, que pode ser derrubada como foi a reforma da Previdência. E também lutar contra o pacote de ataques que o governo acabou de anunciar, que inclui a privatização da Eletrobras. É hora de lutar pelo Fora Temer, fora Pezão e fora todos os corruptos do Congresso! Abaixo a intervenção!

Um chamado à rebelião
A construção de um projeto socialista para o Brasil

O PSTU está lançando o manifesto “Um chamado à rebelião! Um projeto socialista contra a crise capitalista”. O objetivo é debater com os ativistas que estão nas lutas, greves, ocupações, mobilizações que fervilham e são impulsionadas pelos trabalhadores e pelo povo pobre. Queremos, nestas eleições, debater uma saída socialista para a crise. Para o PSTU, isso não pode ser feito por conversas de burocratas e políticos nos corredores e gabinetes do parlamento, mas junto a metalúrgicos, sem tetos, militantes do movimento negro e de combate ao machismo.

Por que o manifesto? Vivemos uma situação de verdadeira guerra social contra os trabalhadores e o povo pobre. De um lado, você tem uma alternativa burguesa puro-sangue, que deve ser Alckmin, Rodrigo Maia ou o próprio Temer. De outro, o PT, com Lula ou outro “poste”. Representam o mesmo projeto político: mais ataques, mais reformas, mais repressão em cima do povo. O PSOL, por sua vez, com a candidatura de Guilherme Boulos e a Plataforma Vamos, não propõe nada que vá além do sistema capitalista, que só gera pobreza e miséria.

É preciso e urgente apresentar uma saída socialista que vá além do capitalismo, um programa que represente a ruptura com os bancos e as grandes empresas e defenda pleno emprego, saúde, educação, transporte, aposentadoria, terra e moradia para todos. Que defenda o fim de toda opressão. Um programa socialista.

Essa tarefa não é só do PSTU. Por isso, queremos discutir esse programa com os lutadores e, mais do que isso, abrir o nosso partido para que os ativistas se candidatem e defendam junto conosco esse projeto socialista.