Os garis do Rio de Janeiro deram o sinal. Fizeram uma rebelião de base contra os burocratas do sindicato (da CGTB, que apoia o governo) e entraram em greve. Em pleno carnaval carioca. As TV’s do mundo mostraram o lixo se acumulando nas ruas. O governo Paes (PMDB), apoiado por Dilma, reprimiu os garis com a polícia, demitiu 300 trabalhadores, chamou-os de “marginais”. A greve continuou. A população do Rio, mesmo com as ruas cheias de lixo, apoiou abertamente a greve. Depois de oito dias, a prefeitura teve de negociar, aceitar a maior parte das reivindicações dos garis e recuar das demissões.

A importante vitória dos garis é um exemplo para todo o país. Mesmo com todo aparato repressivo montado pelos governos, é possível lutar, é possível vencer!

Os trabalhadores devem sair à luta por suas reivindicações salariais. Os movimentos populares devem ocupar os terrenos urbanos nas lutas por moradias. A juventude deve ir á luta pelo passe livre e 10% do PIB (Produto Interno Bruto) já para a educação pública.

O Encontro de 22 de março do Espaço de Unidade de Ação deve articular o apoio às lutas atuais e definir um plano de lutas daqui até a Copa para apresentar uma alternativa unificada dos trabalhadores e da juventude contra os governos.

Dilma, assim como a oposição de direita, quer em 2014 garantir duas coisas: grandes lucros ao redor da Copa e manter as eleições de outubro polarizadas ao redor do PT e PSDB.

Faltam três meses para a Copa. Tanto o PT como o PSDB apoiam os gastos bilionários com o mega evento e a repressão contra as mobilizações.

Mas entre os trabalhadores e o povo pobre a insatisfação está crescendo. Dá para sentir nas ruas uma irritação crescente com o caos na saúde e educação pública, com os transportes ruins e caros, com a falta de moradias decentes. Dá para sentir a bronca com os salários de miséria e o aumento a cada mês das dívidas com os bancos.

As pesquisas comprovam que mais de 80% do povo está contra os gastos bilionários dos governos com a Copa. De repente, explode uma revolta contra a desocupação de um conjunto habitacional em São Paulo, com violentos enfrentamentos com a polícia. O assassinato de um jovem negro pela polícia provoca um levante que dura dias.  Os burocratas dos sindicatos já não conseguem impor acordos salariais rebaixados, porque a base se rebela e faz greves contra a direção. 

Todas as lutas atuais devem ser apoiadas para que sejam vitoriosas. E é necessário unificar os sindicatos, as organizações populares da cidade e do campo, as entidades estudantis para gerar uma mobilização unificada dos trabalhadores e da juventude durante a Copa, ao redor de um programa comum. Esse é o objetivo do Encontro Nacional do Espaço de Unidade de Ação que está preparando o movimento “Na Copa vai ter lutas”.

É possível lutar, é possível vencer. Mas para isso é necessário unificar as lutas para retomar nas ruas a caminhada iniciada em junho. As ameaças de repressão não podem impedir as lutas. Existe uma alternativa de luta dos trabalhadores contra a situação importa ao país pelos governos do PT, do PSDB, do PMDB, do PSB…

Vamos exigir de Dilma que pare de dar dinheiro para a FIFA e para os bancos. E que invista 10% do PIB na educação e mais 10% na saúde pública já.

Nas eleições, uma alternativa dos trabalhadores
Existe um desgaste do governo Dilma que está contido, travado. Os trabalhadores estão revoltados com a situação do país, mas têm medo da volta da direita, do PSDB.  

As pesquisas mostram que a maioria da população acha que as ações do presidente a ser eleito em outubro devem ser completamente diferentes das que estão sendo feitas por Dilma. A popularidade de Dilma voltou a cair, mas ainda muito pouco, perto da insatisfação que se vê nas ruas. E a oposição de direita não cresce, não capitaliza o desgaste.

O PT e o PSDB querem que os trabalhadores só vejam como possibilidades eleitorais esses dois blocos. E até agora estão conseguindo: os trabalhadores não veem uma alternativa à esquerda e tem medo da volta da direita. Por isso seguem dispostos a votar no PT, apesar da bronca crescente.

Alternativa
O PSTU quer apresentar nas eleições um programa para mudar radicalmente o país, como alternativa dos trabalhadores, tanto em relação ao governo petista como contra a oposição de direita. É possível atender as reivindicações de junho (educação, saúde, transporte públicos e moradia) desde que se enfrentem os bancos e as multinacionais que seguem governando esse país com o PT, como governavam com o PSDB. É preciso juntar a energia das mobilizações com um programa anticapitalista claro para mudar o país.

O PSTU apresenta a pré-candidatura Zé Maria, um operário metalúrgico, à Presidência com esse objetivo, de trazer um programa dos trabalhadores para os trabalhadores. Sem aceitar financiamento das empresas, porque é contra elas que temos de lutar. Mostrando que é possível uma campanha sem o dinheiro da corrupção e contra os privilégios e altos salários vergonhosos dos políticos atuais.

Fizemos e mantemos a proposta de uma frente de esquerda com o PSOL. Mas esse partido já lançou suas candidaturas a presidência e vice. Já está apresentando um programa com o qual não concordamos por não atacar a dominação das grandes empresas sobre o país.

É preciso mudar esse quadro para que haja uma possibilidade real de concretizar essa frente. Caso siga a situação atual, a pré-candidatura de Zé Maria vai ganhar as ruas, junto com as mobilizações durante a Copa. É preciso apresentar uma alternativa dos trabalhadores para as lutas e para as eleições.

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Publicado no Opinão Socialista 476