Fotos Romerito Pontes

Brasil bate recordes de desemprego, arrocho, desigualdade social e de rejeição ao governo e ao regime político

No país das Olímpiadas de 2016, os índices econômicos sociais batem recordes de desigualdade social.

A menos de cem dias dos jogos olímpicos, no dia 29 de abril, o IBGE divulgou o índice de desemprego de 10,9% no país, que representa 11,1 milhões de pessoas desempregadas. Um aumento de 22,2% ou 2 milhões de pessoas em relação ao número de desempregados que havia entre outubro e dezembro de 2015. É a maior taxa de desemprego da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad do IBGE) iniciada em 2012.

De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em março de 2016, 60,2% do acordos salariais foram fechados com reajustes abaixo da inflação, que foi de 11,1% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Há um ano, a maioria das negociações coletivas obtinha reajustes acima da inflação.

Enquanto isso, banqueiros e empresários têm lucros astronômicos e se aproveitam da maior recessão dos últimos 20 anos para demitirem e rebaixarem os salários e, assim, lucrarem mais ainda. E o governo… nada faz.

O banco Itaú Unibanco, financiador das campanhas eleitorais do PT e do PSDB, lucrou R$ 23,35 bilhões em 2015, o maior lucro anual da história de um banco registrado até hoje segundo dados da Economática.

A isenção fiscal às montadoras, concedida pelo governo federal, que perdurou anos, representou uma perda, só em 2014, de RS 11,5 bilhões em impostos. Da mesma forma, a política de insumos e subsídios às grandes empresas por parte dos governos estaduais na guerra fiscal, além da renúncia fiscal, representou um aumento na enorme dívida dos estados com a União.

Diante disso, mais uma vez, os governos querem jogar sobre os ombros dos trabalhadores os ônus da crise. Para isso, tramita no Congresso Nacional o PL 257/2016, que prevê a renegociação das dívidas dos estados sob, entre outras condições, congelamento de vencimentos e salários do funcionalismo, suspensão de concursos, além da reforma da Previdência.

Não é à toa, também, que a rejeição ao governo Dilma, aos políticos e ao Congresso batem recordes. Recente pesquisa do Ibope, divulgada no dia 25 de abril, demonstra que a maioria dos brasileiros, 62%, preferem novas eleições presidenciais, e 49% estão “nada satisfeitos” com a democracia. Só 40% veem esta forma de governo preferível a outras, sendo certo que somente uma minoria de 15% considera, em algumas circunstâncias, um governo autoritário preferível a um governo democrático.

Ora, por tudo isso, fica evidente que a crise política pela qual passa o governo Dilma e o regime democrático burguês é produto da enorme insatisfação dos trabalhadores e da juventude que, desde junho de 2013, foram às ruas e, de lá para cá, protagonizam a maior onda de greves e lutas da história, mas que não foram ouvidos pelos governos.

Ao contrário do que dizem aqueles que tentam sustentar o governo Dilma e esconder as mazelas feitas pelo PT, não houve golpe. Nem há, tampouco, uma onda conservadora em curso, pois, senão, não se explicam que as mesmas pesquisas que rejeitam o governo rejeitem também a oposição burguesa como alternativa à crise. Somente 8% defendem que Temer assuma a presidência na hipótese de aprovação da abertura do processo de impeachment pelo Senado. Não é à toa que, rapidamente, Temer procura se antecipar: negocia cargos, ministérios e apresenta seu programa de governo “Uma ponte para o futuro”, que aprofunda mais ainda os ataques aos trabalhadores e à juventude.

Exatamente por isso, a tarefa central dos trabalhadores e da juventude neste momento não é escolher o mal menor.

Nem Dilma, nem Temer, nem Aécio, nem Cunha, nem Bolsonaro! Fora todos eles! É a tarefa que está colocada para fazer avançar a luta em defesa dos nossos direitos. Mas sabemos que se depender desse Congresso corrupto não sai nada. Assim, é necessário construir uma grande Greve Geral que pare o Brasil, que ponha para fora todos eles e exija eleições gerais já sob novas regras.

Chamamos a CUT, o MTST e outros movimentos sociais a romperem com o governo e, junto com a CSP-Conlutas e o Espaço de Unidade de Ação, venham construir um terceiro campo, um campo dos trabalhadores e da juventude, apoiado nas lutas como as ocupações de fábricas, a greve dos servidores do Rio, as ocupações de escolas do Rio e de São Paulo. As mobilizações do 1º de abril e, agora, o 1º de Maio na Avenida Paulista demonstram que é preciso e possível uma alternativa operária e socialista sem patrões e sem corruptos.