Redação

Enquanto fechamos esta edição, o repique da pandemia se alastra de forma avassaladora pelo país. Estados como Rio de Janeiro estão com seu sistema de saúde novamente à beira do colapso. Em São Paulo, Covas e Doria, um dia depois da eleição, já praticavam estelionato eleitoral: mentiram sobre a pandemia e, no dia seguinte, deram um cavalo de pau. Enquanto isso, o governo Bolsonaro segue com seu negacionismo genocida, deixando estragar sete milhões de testes e sem nenhum plano de vacinação.

O Governo Federal, junto com o Congresso Nacional, os governadores e a maioria dos prefeitos recém-empossados já se preparam para uma nova rodada de ataques exigida pela burguesia, parcialmente paralisada por conta das eleições. É urgente a organização da luta contra esses ataques, que só poderão ser derrotados com mobilização. É no terceiro turno que se definirá se os grandes empresários e banqueiros, junto com seus representantes, conseguirão impor um novo patamar de exploração e entrega do país ou se os trabalhadores conseguirão virar o jogo.

Unidade para lutar e frente única da classe

É preciso um chamado à mais ampla unidade para lutar e derrotar o governo e seus planos. Não é possível esperar 2022 para tentar tirar Bolsonaro nas eleições como apostam as direções do PT, do PCdoB e do PSOL. Em vez de frente ampla com partidos de direita, como PDT e PSB, e setores supostamente progressistas da burguesia, precisamos de uma frente única da classe trabalhadora para lutar, com partidos, movimentos e organizações da classe, dos setores oprimidos e da juventude, com um programa mínimo que se contraponha ao programa de aprofundamento da guerra social, da barbárie e da entrega do país e coloque na ordem do dia o “Fora Bolsonaro e Mourão”.

É necessário avançar rumo à construção de uma greve geral e de outras formas de luta e mobilização. Ao mesmo tempo, é preciso avançar a auto-organização dos trabalhadores pela base nas fábricas, nos bairros, nas escolas.

Contra a fome e o desemprego, em defesa dos salários, dos direitos e da igualdade e contra as privatizações

O governo quer aprofundar sua política de genocídio. Precisamos lutar pelo direito ao isolamento social, por testagem em massa e por empenho máximo para a produção de vacina para todos. Da mesma forma, devemos lutar pela defesa, fortalecimento e ampliação do SUS e contra a volta às aulas antes da vacina.

Ao lado da luta contra a pandemia, precisamos também de um conjunto de medidas que garanta a sobrevivência e as condições de vida dos trabalhadores e dos mais pobres: pela manutenção do auxílio emergencial até o fim da pandemia; garantia de empregos com redução da jornada de trabalho e um plano de obras públicas; isenção de tarifas como água e IPTU; passe-livre aos desempregados. Também é necessário exigir o congelamento do preço dos alimentos.

É preciso lutar pela defesa dos direitos trabalhistas e dos serviços públicos como saúde, educação, moradia e saneamento para todos; pela demarcação das terras indígenas, regulamentação das terras quilombolas e uma reforma agrária radical.

Esse programa também deve lutar por justiça e igualdade aos negros e negras, às mulheres, às LGBTs, aos indígenas, aos pobres e aos imigrantes; contra a violência policial e pela desmilitarização das PMs; e defender o patrimônio nacional, reestatizando as estatais privatizadas sob o controle dos trabalhadores e lutando contra as novas privatizações e a entrega do país, incluindo o meio ambiente e a Amazônia.

Chega de ajuste contra os pobres, vamos tirar dos capitalistas

Para viabilizar essas medidas precisamos inverter a política do governo e da burguesia. Não pode ser que a classe trabalhadora seja mais penalizada nesta crise. Já é hora de tirar dos ricos e dos capitalistas. Precisamos defender a suspensão do pagamento da falsa dívida aos banqueiros.

Precisamos ainda taxar as grandes fortunas, incluindo 40% das riquezas dos 43 bilionários brasileiros, além dos lucros, dividendos e patrimônio das 100 maiores empresas, do agronegócio e das grandes redes de supermercados, além de colocar o sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores.

Por um governo socialista dos trabalhadores

Não basta, porém, lutar contra os ataques que mais à frente serão retomados, enquanto dia a dia nossa vida só piora. Para mudar de fato a vida da nossa classe é preciso ter como estratégia a derrubada do sistema capitalista que só nos reserva o desemprego, a morte e a miséria. Em seu lugar, precisamos construir um governo socialista dos trabalhadores que governem em conselhos populares.

Para lutar por isso, precisamos nos organizar e construir uma alternativa socialista e revolucionária.