Foi muito grave o que ocorreu no Rio de Janeiro, com as prisões dos ativistas no ato contra Obama. Foi imposta uma política repressiva brutal para que o norte-americano pudesse aparecer sorridente falando em democracia.

Existe um elo de ligação entre a abusiva revista por agentes norte-americanos de ministros de Estado brasileiros e a prisão de 13 militantes no ato contra Obama.
A arrogância dos agentes dos EUA, humilhando ministros de Estado brasileiros em território brasileiro, mostra uma das faces do imperialismo, tão importante como a face conciliadora e risonha de Obama. Por um lado, a política da reação democrática, de encaixar todos os processos revolucionários na via morta da democracia burguesa. Por outro, o senhor da guerra, a intervenção na Líbia, a repressão no Brasil.

Os governos Dilma e Sérgio Cabral se sujeitaram a ser capitães do mato e aceitar todas as exigências de Obama em relação à segurança. Para isso, valia tudo.
Valia reprimir com brutalidade a manifestação de protesto com a desculpa do lançamento de coquetel molotov. A polícia sabia que nem a CSP Conlutas nem o PSTU tiveram qualquer responsabilidade nessa ação enlouquecida. Mais precisamente, as dúvidas são cada vez maiores se isso não foi produto de uma provocação policial. É muito suspeito que a polícia só tenha prendido pessoas que não tinham nada a ver com essa ação ultraesquerdista.

Valia manter presos os companheiros com a desculpa mais esfarrapada de que “representavam um risco para a estadia de Obama no Brasil”. Valia prender uma senhora de 67 anos e um jovem de 16, raspar cabeças dos presos, e um longo etcétera. Tudo para intimidar o movimento e evitar novas mobilizações no domingo, quando Obama estaria no Rio.

O objetivo político era passar uma imagem de consenso do povo brasileiro na relação com o novo governo dos EUA. O Brasil do futebol e do Carnaval aclamando o presidente negro Obama. Isso era importante para superar a imagem desgastada das visitas de Bush, sempre recebido com protestos onde quer que fosse.

Não foi o que aconteceu. A mobilização de domingo foi maior que a de sexta-feira. A repercussão internacional das mobilizações foi bem maior do que esperavam Dilma e Obama. Além disso, o ato tomou para a si a defesa dos presos políticos, os primeiros do governo Dilma.

Obama, obviamente, não tem o desgaste de Bush, e conseguiu com sua visita melhorar a imagem do imperialismo no país. Mas saiu manchado pelas mobilizações de protesto e pela repressão. Não foi o que ele esperava.

Dilma começa um governo com presos políticos. Isso é só uma amostra do que pretende. Podem vir aí mobilizações salariais, resultado de lutas contra a inflação crescente. Vem aí a Copa do Mundo e a Olimpíada, e para isso é importante apresentar ao mundo uma imagem sem contradições, sem protestos. Isso só pode ser conseguido com repressão violenta.

Os 13 companheiros foram libertados. Queremos agradecer a todos os que se empenharam pela liberdade destes presos políticos. Ficam duas lições. A primeira é que Dilma acredita que pode fazer qualquer coisa pela popularidade que segue tendo. Impôs a prisão política de inocentes, e isso pode voltar a ocorrer.

A segunda é que essas atitudes podem ser enfrentadas. A repercussão da campanha pela libertação foi ampla. Já estavam previstos atos em todo o país. Um abaixo-assinado eletrônico pela libertação já tinha mais de 5 mil assinaturas conseguidas em um fim de semana. Existe um sentimento democrático no mundo que só fez crescer com as revoluções árabes. Não se pode permitir atos ditatoriais como este de Dilma, seja quem for o preso político.

Os 13 do Rio devem ser recordados como os primeiros dessas lutas.