Leia o editorial do Opinião Socialista nº 519

Há exatos três anos das Jornadas de Junho de 2013, os acontecimentos dos últimos dias demonstram as dificuldades de Temer em construir um governo de unidade nacional capaz de atacar direitos dos trabalhadores e unir o andar de cima até 2018. As denúncias de corrupção já fizeram dois ministros caírem. A baixa popularidade também não lhe assegura sustentação necessária e gera crise para cumprir o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. A burguesia torce para que ele consiga, mas não aposta todas suas fichas. Há desconfiança do imperialismo e da burguesia de que Temer seja capaz de fazer o necessário e manter a governabilidade.

Temer é um governo mais frágil. Assumiu o país em meio a uma forte crise econômica, inflação e desemprego. Além da crise política, marcada pelas divisões internas da burguesia, o descontentamento da classe média, a insatisfação da classe trabalhadora e o ascenso das lutas que começou em junho de 2013 e abriu uma nova situação política no país.

Temer ainda não conseguiu aplicar uma agenda positiva para a burguesia. Segue com seu plano de golpear o movimento de massas, mas não encontra uma classe trabalhadora derrotada. Inclusive, teve de voltar atrás em algumas medidas, como corte na saúde e educação, após a repercussão negativa.

O PT sabe disso e tenta surfar nesse sentimento anti-Temer para pedir o “volta Dilma”. Seu objetivo, contudo, não é derrubar Temer, mas desgastá-lo para preparar o terreno para as eleições de 2018. O primeiro chamado de Greve Geral da CUT, “contra Temer e pelo volta Dilma”, não mobilizou os trabalhadores. Foi um fracasso em todas as categorias: petroleiros, bancários e metalúrgicos do ABC. Os trabalhadores, em sua maioria, estão contra o governo, mas não se dispõem a se mobilizar para que Dilma volte, pois identificam, corretamente, que ela tem responsabilidade pelos ataques ao PIS, Seguro Desemprego e pelos mais de 12 milhões de desempregados no país.

No dia 10 de junho, as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular chamaram uma mobilização nacional contra as medidas de Temer e contra o suposto golpe. Porém, diferentemente do chamado anterior, realizaram assembleias e reuniões de base nas categorias, limitando o chamado à mobilização por questões econômicas sem explicar e mesmo omitindo o caráter do ato pelo “volta Dilma”.


Junho de 2013 abriu uma nova situação política no país

Unir as lutas contra Temer rumo à greve geral
A CSP-Conlutas aprovou posição contrária à construção e participação dos atos do dia 10. A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) também votou pela não participação dos petroleiros em mobilizações nesse dia. Porém, no conjunto da classe, há uma insatisfação grande com as condições de trabalho e os ataques. Por isso, a CSP-Conlutas lançou um chamado público às centrais para que se unam em torno da luta contra o ajuste fiscal, contra a reforma da Previdência e pelo “fora Temer”, defendendo a unidade de ação de todas as centrais, mas sem condicionar a luta em defesa da volta de Dilma. É preciso mais do que nunca construir uma ampla unidade de ação para barrar o ajuste fiscal. Desde já, a CSP-Conlutas convoca junto com outras organizações um Dia Nacional de Luta no próximo dia 16 de junho.

Nesse dia, haverá um ato em Brasília, convocado pelos servidores públicos e que será parte da programação oficial do Encontro Nacional de Educação (ENE), além de atos nos estados. Os servidores federais, em unidade com estaduais e municipais, propõem paralisações de dia inteiro ou parciais, manifestações, atos públicos e toda forma de protestos também nos estados.

Essas lutas se combinam com um novo levante de mulheres. O caso bárbaro de estupro coletivo que ocorreu no Rio de Janeiro fez com que milhares de mulheres fossem às ruas para denunciar a violência sexual e o machismo. Os atos devem continuar. Agora reforçados pelo repúdio ao bárbaro assassinato de dezenas de LGBTs ocorrido em Orlando, nos Estados Unidos.

Chega de exploração e opressão!
No Rio de Janeiro, o ato do dia 16 unificará a luta dos servidores públicos federais, estaduais e municipais com a luta contra todas as formas de opressão e por demandas democráticas: contra a cultura do estupro, contra o machismo e a homofobia. A cultura do estupro é a cultura do capitalismo. Unir homens e mulheres trabalhadores contra a opressão e a exploração!

Devemos dizer que são “30 contra a nossa classe”, já que o machismo e a homofobia são ideologias burguesas a serviço da opressão para dividir os trabalhadores. Por isso, nossa luta tem de ser de homens e mulheres da nossa classe, contra a opressão e a exploração.

É tarefa de todos lutar contra a exploração e a opressão. Fora Temer! Fora todos! Eleições gerais já! Dilma e Cunha nunca mais! Punir o estupro e não as mulheres. Prisão aos estupradores do Rio de Janeiro e para todos que violam as mulheres!