Foto Alessandro Dantas/PT

A crise capitalista que sacode o mundo e o Brasil lança a luta de classes em mar revolto. Os solavancos da luta de classes, diante da guerra social que o capital exige contra o trabalho, abala os pilares da democracia dos ricos.

Os governos capitalistas, sejam os da direita, como Macron na França, sejam os ditos de esquerda, como o sandinista Daniel Ortega na Nicarágua, defendem a ordem e o sistema contra os trabalhadores. A crise divide a burguesia, gera descontentamento generalizado nas classes médias e coloca o proletariado em luta, muitas vezes contra as direções de suas entidades, atreladas à ordem e à conciliação com o capital.

No Brasil, estamos vivendo uma crise profunda. Mais do que uma crise do governo, é inclusive uma crise do chamado regime da Nova República, a articulação das instituições que conformam a democracia dos ricos para gerir o Estado e o sistema.

A crise do próprio sistema capitalista hoje é muito mais grave e profunda do que aquela que abalou a ditadura. Como fala o dito popular: o navio está seguro no porto, mas não é para isso que são feitos os navios.

A situação atual exige que a classe trabalhadora tome o barco da independência de classe, faça içar as velas que conduzam à revolução e construa uma alternativa que lute pela superação desta ordem e afirme um projeto contra o sistema.

Desde 2013, os abalos do sistema e da institucionalidade fazem soprar ventos de rebelião. Antes, a classe operária de Jirau, Belo Monte e Comperj já trazia à superfície os profundos movimentos da luta de classes.

Em 2015, o descontentamento generalizado colocou na rua multidões de pessoas dos setores médios. Desses, 15% queriam ditadura; 85% queriam o fim da corrupção; e a enorme maioria queria também direitos: educação, saúde, Previdência.

A classe operária e a maioria dos setores médios queriam “Fora todos!”, mas, a falsa polarização entre os blocos do PSDB e do PT (com seus aliados burgueses), desde então, constrói suas falsas narrativas sobre a realidade.

Com a popularidade abaixo do volume morto, Dilma caiu. A classe operária ficou feliz com sua queda, mas nunca apoiou Temer, que já nasceu abaixo do volume morto também.

Dois anos depois, a crise está mais forte, e a fragmentação da burguesia aumenta. A classe operária, os setores populares, a juventude e os oprimidos seguem travando uma luta tremenda contra a guerra social dos de cima. Fomos capazes de fazer a maior greve geral da História no ano passado.

“Nunca antes na História deste país”, porém, existiu um abismo tão grande entre a narrativa e a ação daqueles que estão nas cúpulas, inclusive de organizações burocráticas e reformistas dos trabalhadores, e o dia a dia do povo pobre e da classe operária.

A polarização social resulta em polarização da luta de classes. Coloca em crise PT, PSDB e agregados. Embaixo, crescem a indignação e a ruptura com tudo isso que está aí, incluindo o PT. Como é típico desse tipo de situação, surgem, também, embriões de ultradireita.

O horizonte é de turbulência crescente, mas de um período longo de muitas lutas pela frente. Quem tem medo de mar revolto precisa saber que esconder-se debaixo da saia do PT e de seu projeto de frente ampla em defesa do Lula e do sistema é ilusão de porto seguro.

Agarrar-se a uma ordem em colapso, além de pouca confiança na classe operária, adaptação à democracia burguesa e medo de revolução, é um caminho que não assegura de modo algum as liberdades democráticas.  Se, lá adiante, as liberdades democráticas estiverem ameaçadas pela polarização revolução versus contrarrevolução, a garantia de sua defesa será determinada pela mobilização social.

A realidade mais uma vez desmonta as narrativas de golpe, de onda conservadora, ameaça do fascismo, ou de derrota da classe com a prisão de Lula.

Os trabalhadores não se mobilizaram para defender Lula, como não se mobilizaram contra o suposto golpe que não existiu. Mas poderão fazer Greve Geral ainda maior para impedir uma futura reforma da Previdência. Mesmo que uma parte dos trabalhadores vote em Lula, caso seja candidato, será como um “mal menor”. A ruptura com o PT é grande e o descrédito na democracia dos ricos também.

Nesta situação, é uma canoa furada a campanha “Lula Livre” e a proposta de uma “Frente Ampla” eleitoral pelo bloco formado por PT, PDT, PSB, PCdoB, PSOL, PCB e PCO.

É hora de independência de classe, de chamado à Rebelião contra a ordem e os diferentes blocos burgueses. É hora de apresentar uma alternativa de poder. Operários e o povo pobre no poder, uma revolução socialista contra o governo, a Nova República e o sistema.