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Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 584

Quando fechávamos esta edição, os petroleiros entravam no 12º dia de greve contra as demissões, a privatização e o desmantelamento da Petrobras pelo governo Bolsonaro.

Esta que é uma das greves mais importantes do país quase não é noticiada pela mídia. Enquanto a maioria da população é contra as privatizações, no mundinho dos ricos e poderosos quase todos são a favor, de Bolsonaro até toda a grande imprensa (incluindo governadores da oposição que disputam dinheiro da entrega do pré-sal). Por isso é fundamental cercar essa greve de solidariedade e defender a Petrobras 100% estatal sob controle dos funcionários.

Talvez a maior fake news do século seja a lenda de que Bolsonaro é um governo nacionalista. É um governo totalmente antinacional. Comporta-se como governo de uma colônia dos EUA. Lacaio de Trump, em meio à maior crise e decadência mundial do sistema capitalista, promove a rapina e a entrega do país; trava uma guerra social contra os trabalhadores e o povo pobre; promove uma tremenda devastação ambiental; incentiva o genocídio negro e indígena, o obscurantismo, o preconceito, a perseguição à cultura, à educação e à ciência; ameaça as liberdades democráticas e enaltece a ditadura militar.

Toda reivindicação séria de trabalhadores, desempregados, juventude e povo pobre se choca com o governo e com seu projeto autoritário, predatório e de barbárie, de superexploração e entrega.

Na virada do ano, a liberação de uma grana do FGTS, combinada com a propaganda de que o país começaria a crescer e o desemprego a diminuir, e o clima de Natal e ano novo podem ter alentado a ilusão ou a esperança de alguns setores. Porém as chuvas que assolaram Minas, São Paulo e devem migrar para o Rio estão mostrando a decadência desse sistema e a irresponsabilidade dos governos.

Junto com as chuvas, continua o plano de ajuste e de terra arrasada do governo Bolsonaro-Guedes. Desmembram e vendem a Petrobras e engatilham para o final de março a votação da MP 905, que acaba com o que resta de direitos trabalhistas.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou os servidores públicos de parasitas. Agora diz que empregada doméstica viajava à Disney antes da alta do dólar. Guedes é um banqueiro que enriqueceu com fraudes em fundos de pensão. Ele quer acabar com a estabilidade do funcionalismo, reduzir salários e privatizar tudo o que hoje é público. É só olhar para as filas do INSS para ver aonde esse amante do modelo chileno liberal-pinochetista quer levar o país.

Contudo, começou também, antes mesmo do Carnaval, um processo importante de lutas e greves: petroleiros, servidores públicos, funcionários dos Correios etc. O carnaval vai colocar a oposição popular a esse governo e seus ministros nas ruas. O 8 de Março, pode ser um pontapé num processo de unificação das lutas, que recoloque a necessidade da greve geral.

Nesse sentido, é necessária a mais ampla unidade para lutar e, na luta, debater um programa que defenda de fato: o emprego, a moradia, a educação, a saúde, os serviços públicos, a reforma agrária, as terras indígenas e quilombolas; o meio ambiente, o fim da violência e do preconceito contra pobres, desempregados, negros, indígenas, mulheres, LGBTs; a soberania nacional e a Petrobras 100% estatal; as liberdades democráticas (direito de greve, opinião, manifestação, organização etc.).

A oposição parlamentar e institucional – PT, PCdoB – que governa alguns estados e municípios não tem como prioridade derrotar Bolsonaro-Mourão já. Aplicam em seus governos o mesmo ajuste que o governo federal. Priorizam a atuação no parlamento e a formação de frentes amplas de colaboração de classes para as eleições. Sem falar no Solidariedade, do Paulinho da Força, e nos demais partidos burgueses de oposição. Isso limita a ação dos sindicatos e das centrais que influenciam.

É necessário defender e exigir a mais ampla unidade para lutar e para derrotar Bolsonaro e seu projeto já!

Nas eleições, a tarefa é apresentar um projeto de classe e socialista e não uma frente ampla de colaboração de classes como fez o PT, que nos trouxe aonde estamos agora, ou alternativas da direita tradicional, como Huck, Doria ou Maia.

É preciso defender uma alternativa socialista que faça o 1% dos ricos pagarem pela crise e não os pobres como é hoje. Que pare de pagar a falsa dívida pública aos banqueiros em vez de cortar verbas da saúde, educação, saneamento e aposentadorias. Que acabe com as isenções às grandes empresas, cobre impostos dos ricos e garanta um plano de obras públicos que gere empregos. Que reestatize e nacionalize as empresas privatizadas para impedir desastres como o da Vale. Que revogue a reforma da Previdência e a trabalhista e defenda o meio ambiente. Que confisque os bens de todos os corruptos e corruptores. Um governo socialista, que governe por meio da mobilização e de conselhos populares, e não um governo que atue a favor do lucro de um punhado de bilionários capitalistas.