Manifestantes fecham rodovia em Sergipe, aonde a Greve Geral foi mantida
Redação

Se for preciso, passando por cima das cúpulas das maiores centrais. Leia o editorial do Opinião Socialista nº 547

Entramos em dezembro com esse governo e Congresso Nacional torrando bilhões na compra de deputados para tentar aprovar a reforma da Previdência e impor um novo patamar de exploração sobre a classe trabalhadora brasileira.

Só em propaganda enganosa torrou R$ 100 milhões. Está disposto ainda a esbanjar R$ 21,8 bilhões para comprar deputados e conseguir os 308 votos para aprovar a reforma ainda este ano na Câmara.

Pesquisa DataFolha deste mês mostra que esse Congresso é o mais impopular da história: só tem a aprovação de 5% da população, enquanto Temer só tem 3%. Nunca ficou tão na cara que Executivo, Legislativo e Judiciário são, além de bandidos, representantes dos verdadeiros privilegiados deste país: banqueiros, donos de fábricas, ruralistas e políticos corruptos.

Isso é ainda mais escandaloso quando alegam um falso déficit de R$ 149 bilhões na Previdência, mas só em 2016 liberaram os empresários de pagarem R$ 271 bilhões em impostos e as dívidas das grandes empresas com o INSS supera os R$ 450 bilhões. Por que o governo não corta o pagamento da dívida pública aos banqueiros, que consome 43,94% do orçamento do país, quando a Previdência não chega a 23%?

Querem confiscar nossas aposentadorias para jogar a crise capitalista sobre nós e garantir o aumento dos lucros desse punhado de parasitas burgueses e corruptos.

Chega de traição das centrais
Apesar de terem unidade quando se trata de nos atacar, há crise também entre os de cima, por isso apesar de tudo, estão com dificuldade de conseguir os 308 votos, que, porém, podem ser comprados.

O nosso problema é que a cúpula das maiores centrais, como a da Força Sindical e da CUT, que não estão empenhadas para valer na derrota das reformas e do governo e na construção da mobilização unitária. Pelo contrário, têm desmontado e traído uma e outra vez a possibilidade de Greve Geral e unificada.

Fizeram isso mais uma vez no último dia 5, quando às vésperas de parar, suspenderam a greve sem consultar as bases, e sem sequer realizar uma reunião com todas as centrais. A CSP-Conlutas, por exemplo, não foi chamada para essa reunião “surpresa”, se é que houve, e nem comunicada oficialmente. Força e CUT suspenderam a greve por telefone entre três ou quatro burocratas, enquanto dezenas de milhares de lideranças sindicais e ativistas de todas as centrais e movimentos preparavam a greve na base.

Esse novo desmonte facilitou a vida do governo.  Se não bastasse, no mesmo dia 5, quando, apesar e contra as cúpulas das centrais em alguns estados se realizava forte movimento e greves, em outros, assembleias, atrasos de entrada de turnos em fábricas, greves de diversos setores, atos e bloqueios de rodovias, as direções da Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB se reuniam com Temer e posavam sorrindo para a foto junto com o sujeito mais odiado do país.

O que está por trás desta atitude das cúpulas destas centrais é que elas não se contrapõem até o final às reformas, defendem o imposto sindical em troca de direitos dos trabalhadores e são atreladas a partidos que também são atrelados ao “mercado”. O Solidariedade, do Paulinho da Força, faz parte da base de apoio do governo.  O PT, da cúpula da CUT, não quer nem derrubar Temer e nem impedir as reformas, quer ter votos em 2018 capitalizando o desgaste de Temer e também, caso ganhe, prefere que Temer já tenha feito o serviço sujo.

A classe trabalhadora deve seguir exigindo que essas centrais se somem e chamem a Greve Geral e fazer toda unidade na ação para lutar, mas devemos preparar pela base a luta, reunir todos os sindicatos e movimentos nos estados, realizar assembléias, reuniões, comitês nos locais de trabalho, estudo e moradia, parar o Brasil e tomar as ruas para impedir essa reforma, com ou sem a cúpula das Centrais.

Quando fechávamos esta edição, outra reunião das centrais estava sendo marcada, por iniciativa da CTB com apoio da CSP-Conlutas, vamos defender aí a Greve Gera. Mas, desde já, se aprovada,  devemos em todas as assembleias desautorizar que qualquer cúpula possa desmarcá-la sem autorização de toda base em assembleias em todo o Brasil.

O Brasil precisa de um projeto socialista
Precisamos lutar contra todos esses ataques da burguesia. Mas, podemos ir além. O Brasil é um país rico e é um verdadeiro escândalo que a maioria do nosso povo viva nas condições em que vive, assim como exista a desigualdade social que existe. O PT ficou 14 anos no governo e o Brasil não mudou nada, pelo contrário, continuou piorando. Com a crise e com o Temer tá pior ainda.

Os trabalhadores e o povo pobre do nosso país podem ter pleno emprego, melhores salários, aposentadorias dignas, jornada de trabalho de 36 horas, direitos, educação e saúde públicas e gratuitas de qualidade, universalização do saneamento básico e moradia para todos; acabar com a violência, o genocídio, o preconceito e garantir direitos iguais para negros, mulheres, LGBT’s e trabalhadores estrangeiros. Pode ainda preservar o meio ambiente e garantir um futuro pra nossa juventude. Mas, para isso, é preciso impor outro sistema, um sistema em que a produção, o trabalho, a ciência, sejam voltadas para promover o bem de toda a sociedade e não para dar lucro pra um punhado ínfimo de bilionários. Precisamos lutar pelo socialismo. Por um governo socialista dos trabalhadores, que governe através de Conselhos Populares, que estatize as fábricas, os bancos e as cadeias de supermercados e as coloque sob controle dos trabalhadores, assim como toda organização da vida social.

Precisamos organizar os debaixo para derrubar os de cima e impor desde baixo um governo nosso.