Renda individual teve queda histórica de 8,7% no último trimestreA recessão já é uma realidade nos Estados Unidos. E não estamos falando do colapso do sistema financeiro e a falência dos grandes bancos de investimentos. No coração do império, a população sente os efeitos da crise no cotidiano.

A economia norte-americana sofreu sua mais forte retração desde a crise de 2001. O anúncio foi divulgado nesse dia 30 pelo Departamento de Comércio em Washington. No terceiro trimestre de 2008, o PIB dos EUA (soma do valor de tudo o que foi produzido no país em bens e serviços) diminuiu 0,3%. Apesar de a economia norte-americana ter registrado retração no quarto trimestre de 2007, ela não tinha sofrido uma redução tão grande desde o terceiro trimestre de 2001.

A redução do PIB expressou a drástica queda do consumo registrada no último período. O consumo caiu 3,1% no terceiro trimestre, acompanhando a queda de 1,2% no trimestre anterior. Foi a primeira vez que os gastos dos consumidores caíram em 17 anos e foi a maior queda em trinta anos. Consumo de bens não-duráveis teve sua maior queda desde a década de 50.

Isso ocorre, pois, endividadas, as famílias cortam gastos. Além disso, sofrem com a inflação e o avanço do desemprego. A renda per capita chegou a cair 8,7% nesses três meses, a maior queda trimestral desde 1947, quando esse tipo de pesquisa começou a ser realizada.

Perspectivas sombrias
Com os estoques encalhados, as empresas diminuem sua produção e cortam investimentos. De julho a setembro, os investimentos caíram 1%. Com isso, postos de trabalho vão sendo cortados. Até setembro, 760 mil empregos deixaram de existir no país em 2008.

Se os resultados do terceiro trimestre mostram a tendência a uma clara recessão nos EUA, ela não foi tão ruim quanto apontavam os analistas. Esperava-se uma queda de 0,5% no PIB. No entanto, as perspectivas para o futuro são sombrias. “Vamos ver um resultado não muito amigável no quarto trimestre, com uma queda de 2% a 4%”, chegou a afirmar o economista Ethan Harris do Barclays Capital Inc ao canal de TV especializado em economia, Bloomberg.

Pelo visto, nem o corte nos juros realizado pelo Federal Reserve (banco central norte-americano) serviu para melhorar as perspectivas na economia. Nesse dia 28 o Fed cortou novamente a taxa de juros, dessa vez em meio ponto. Os juros americanos baixaram ao nível de 2004.