Relatório do IBGE e pesquisa do IPEA confirmam a tendência dos últimos anos de neoliberalismo: aumento da pobreza e do desempregoO IBGE acaba de anunciar um dado que vai se juntar ao atual conjunto de preocupações das hostes do governo. O instituto revelou o profundo processo de desaceleração econômica do país. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil cresceu apenas 0,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi a menor taxa de crescimento desde o 2º semestre de 2003. O país caminha rapidamente para a estagnação e crise, efeitos colaterais da política neoliberal levada a cabo pelo governo Lula.

O que sustenta o crescimento?
Desde o primeiro ano da gestão Lula, o governo exibe números portentosos atestando que o país vive um exuberante ciclo de desenvolvimento econômico. Sustentado pelo crescimento do agronegócio de exportação, que semestralmente batia recordes de lucros, o crescimento do PIB brasileiro seria uma prova inconteste do acerto da política econômica do governo.

Na verdade, o setor agro-exportador já vinha num rápido processo de crescimento quando Lula tomou posse. Impulsionado pelo aumento da demanda externa e o facilitamento de crédito estatal, o agronegócio continuou contando com as benesses do governo petista e seguiu sustentando o crescimento do PIB.

Neste primeiro trimestre, apenas esse setor contabilizou algum crescimento. Enquanto os investimentos caíram 3%, a indústria retraiu 1% e o setor de serviços caiu 0,2%, os fazendeiros tiveram um aumento de 3,5% nos lucros, sustentando o parco crescimento do trimestre.

O resultado foi um duro golpe nas pretensões do governo, que previa para este ano um crescimento de 4% da economia. Ao mesmo tempo, o IBGE também revisou a taxa de crescimento do ano passado, de 4,9%, contra os 5,2% anunciados pelo governo com tanto entusiasmo. A taxa revisada fica ainda mais baixa do que a média de crescimento econômico registrada pela América Latina, de 5,5%.

Crescimento pra quem?
Enquanto a economia cresce, ainda que a taxas irrisórias, a renda continua diminuindo para a grande maioria da população. O consumo das famílias teve uma queda de 0,6% nesse primeiro trimestre, segundo o IBGE. Diante desse quadro, a equipe econômica do governo declarou que “não devemos ficar excessivamente preocupados”. De acordo com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, esse “não é um quadro de todo ruim”.

Não é de todo ruim para o governo, pois, enquanto os fazendeiros lucram com as exportações e o setor financeiro internacional se esbalda com as maiores taxas de juros do mundo garantidas pelo Brasil, os mais pobres arcam com as conseqüências da política neoliberal.

Segundo um estudo divulgado pelo IPEA nessa quarta, dia 1º de junho, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Brasil é o segundo país com a maior desigualdade social do mundo, perdendo apenas para Serra Leoa, na África. De acordo com o estudo chamado “Radar Social”, 1% dos brasileiros mais ricos detêm a renda equivalente à renda dos 50% dos brasileiros mais pobres.

Desemprego aumenta
Ainda segundo o estudo do IPEA, o Brasil teve um aumento de 56% na taxa de desemprego do ano de 1993 a 2003. È três vezes e meio maior que a taxa de desemprego registrada pela América Latina no mesmo período, de 15,9%. Uma década de neoliberalismo atingiu sobretudo os mais jovens. O desemprego entre os jovens de 15 a 19 anos pulou de 13% para 25% nesses dez anos.

Esses números e o recente anúncio do IBGE confirmam a tendência do crescimento econômico no governo Lula denominado “vôo da galinha”. Sustentado apenas pelo agronegócio, que é também seu principal beneficiário, o crescimento existe por causa de uma efêmera conjuntura internacional. O que é estrutural e permanente sob a política neoliberal aprofundada pelo governo Lula é o desemprego e a pobreza da grande maioria da população.

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