São tempos de coragem. Os explorados e oprimidos confiam cada vez mais em suas próprias forças para mudar a vida. As lutas são muitas, mas a resposta dos governos e dos políticos é quase sempre a mesma: repressão, como na greve dos metroviários de São Paulo. Não é à toa que a PM é hoje uma das instituições mais desgastadas do país. Por isso, a Juventude do PSTU e o Movimento Reviravolta lançam este manifesto para te convidar para ser parte de uma campanha.

Antes de tudo, imagine ser preso por um crime que você não cometeu, sem que a PM ou a Justiça apresentem qualquer prova e sem nem sequer ser reconhecido pela vítima… Parece absurdo, não? Mas acontece todos os dias nas maiores cidades do país. Em junho de 2013, a mesma polícia que faz isso e muitas vezes não garante segurança, estava muito bem preparada para atacar as manifestações. Mais pessoas sentiram na pele a violência que a população pobre das periferias sente há muito tempo. Em 2014, a mesma corporação que defendeu os interesses das empresas de ônibus e dos governos reprime para garantir a Copa da FIFA.

Ao contrário do se pensa, polícia não é segurança. No Distrito Federal, onde há muitos policiais por habitantes e com ótimas remunerações, as taxas de crimes violentos estão bastante acima da média nacional. Na democracia dos ricos em que vivemos, a impunidade é um “direito” concedido aos ricos e brancos. Aos pretos e pobres, resta uma pena de morte informal.

É preciso unificar as polícias em uma única força de segurança civil, ou seja, fora do controle das Forças Armadas. Assim, as atividades de investigação e policiamento constituiriam o trabalho policial de uma única força sem a lógica de atuação de hoje: a de um exército em guerra contra a maioria da população. Prova disso é a existência da tropa de choque, sempre pronta a dispersar as manifestações populares.

A militarização também faz com que os crimes policiais sejam julgados pelos próprios militares. Isso é um privilégio inaceitável e muitas vezes leva à impunidade: os responsáveis pelas barbaridades em junho nunca foram punidos! É necessário acabar com a justiça militar.

Todos os policiais têm que ser funcionários públicos com o direito de formar sindicatos, fazer greve e desobedecer seus superiores quando tiverem ordens de atirar em trabalhadores e jovens. Para isso também têm que ter direito à livre manifestação política, expressando as demandas da base da hierarquia militar de hoje, formada por filhos da classe trabalhadora.

Além disso, os trabalhadores e o povo pobre devem ter mecanismos de controle democráticos sobre a segurança pública, como a eleição dos delegados de cada cidade ou zona. Somente desse modo diminuiriam os abusos policiais.

O mesmo capitalismo que gera a violência urbana, gera essa polícia. Por isso, discordamos de que a saída é humanizá-la ou dá-las função social. Todo manifestante ou jovem da periferia conhece bem o papel social da PM.

Mas desmilitarização só representará um passo na transformação radical dessa polícia racista e tão antagônica aos pobres e trabalhadores, nos marcos da luta contra a democracia dos ricos e seu poder econômico, com os trabalhadores e jovens nas ruas. Isso significa acabar com a polícia, reformulando profundamente o modelo de segurança pública e, necessariamente, a própria sociedade.

Desmilitarização da polícia já!

Fim da Tropa de Choque!

Por uma força de proteção à população, sob controle dos trabalhadores e do povo pobre!